A Lusa acompanhou o desfile entre a Avenida do Aliados e a Rua do Heroísmo tendo presenciado a entrada em triunfo de centenas dos manifestantes no centro comercial gritando “o Stop é nosso e há de ser”.

O comandante da Polícia Municipal, António Leitão, confirmou a entrada “triunfal” dos populares no Stop no final do desfile que reuniu cerca de mil pessoas, mas escusou-se a comentar poder ser essa a explicação para a destruição dos selos.

“Não posso confirmar uma situação dessas. Neste momento temos um facto, dos 105 selos colocados 38 foram destruídos, se isso foi feito num propósito ou noutro cenário, isso não sabemos, por isso é que estamos a recolher todas as informações e vamos enviar ao Ministério Público e depois se verá se será imputado a alguém esta destruição”, disse.

António Leitão revelou, contudo, que “verificadas todas as lojas, até ao momento [14:00] tudo indica que todas as portas estão intactas”.

O comandante confirmou ainda que durante a tarde de hoje ”serão recolocados os 38 selos” e que o “processo vai ser exatamente igual ao que tem sido até agora, com a colaboração absolutamente impoluta de todos os intervenientes”.

“Os músicos têm sido, de facto, muito colaborantes com a polícia e têm percebido que estamos aqui para, dentro da selagem dos estabelecimentos, possibilitar que eles possam ter acesso ao interior das lojas e retirar os seus pertences para fazer concertos ou ensaios”, assinalou António Leitão.

Ricardo Martins, músico e lojista, também confirmou a entrada entusiasmada no centro comercial e concordou que pode ter sido “essa maluqueira” a estar na base da destruição dos selos com que a Polícia Municipal se deparou hoje, cerca das 10:00.

“Ia ser contraproducente para um músico, proprietário ou inquilino de uma sala tirar um selo quando está tudo encaminhado para isto funcionar como tem de funcionar”, disse o músico, argumentando que “fizeram o que não deviam e foi só isso!”.

A Câmara do Porto anunciou que vai participar um crime de desobediência ao Ministério Público pela destruição de 38 selos no centro comercial, considerando que a atitude demonstra "falta de respeito".

Ricardo Martins, único músico que ao início da tarde de hoje estava no Stop, insistiu que “se a comunidade do Stop quisesse tirar os selos já o teria feito na terça-feira" passada, data em que as 105 lojas foram seladas.

O administrador do condomínio do Stop, Ferreira da Silva, assinou na segunda-feira o acordo da autarquia que compromete a administração a "adotar e fazer adotar comportamentos de segurança e de medidas de autoproteção e mitigação do risco de incêndio”.

Respeitar e fazer respeitar o horário de 12 horas de funcionamento do Stop, zelar pela correta utilização da instalação elétrica e colaboração com o regimento de sapadores e com a câmara fazem também parte do termo de compromisso e responsabilidade assinado.

Aos jornalistas, Ferreira da Silva disse estar confiante com a reabertura em breve do Stop, acrescentando, no entanto, que a presença dos bombeiros 12 horas por dia à porta do edifício "pode implicar uma ou duas correções".

Depois do encerramento que deixou quase 500 artistas e lojistas sem ter “para onde ir”, centenas de músicos ocuparam durante cerca de cinco horas a Rua do Heroísmo em protesto, obrigando a polícia a desviar o trânsito automóvel para outras artérias da cidade.

Como alternativa ao centro comercial, a Câmara do Porto apresentou duas soluções: a escola Pires de Lima e os últimos andares do Silo Auto.

Para os músicos, ambos os espaços “carecem de condições para albergar toda a comunidade do Stop”, não as considerando como uma solução para o seu realojamento.