Os bombeiros só surgiram na aldeia de Mação depois de o incêndio passar, já a GNR "fugiu", tirando dois militares que assim que viram o fogo a aproximar-se da aldeia enfiaram-se dentro da casa do pai de António Silva, que tem tantos anos de vida como de residência em Degolados, 48.

O fogo chegou à pequena aldeia por volta das 17:00 de terça-feira e as labaredas que dobravam em comprimento a altura dos eucaliptos puseram António em sentido.

"Havia aqui muito mato neste pinhal", aponta o habitante, de 48 anos, para a terra queimada à frente da sua casa, enquanto vai esfregando os braços e as mãos onde são visíveis queimaduras.

A sorte, sublinha, foi terem chegado uns amigos com um 'kit' de combate a incêndios facultado pela Câmara a várias povoações do concelho.

Munido de uma mangueira de pressão desse 'kit', andou "de um lado para o outro" a tentar apagar onde as chamas surgiam.

À frente de casa estavam vários carros estacionados num pequeno largo com erva seca.

"Era um barril de pólvora aqui ao pé. Se aquilo rebentasse, estava tramado", disse à agência Lusa António Silva, que ora molhava junto da sua casa ora molhava os carros estacionados.

"Foi um bailarico de um lado para o outro, de um lado para o outro", nota o habitante de Degolados, que contou com a ajuda de um cunhado, de um irmão e de dois vizinhos.

Cinco pessoas, sublinha, "salvaram aqui a coisa", sem ajuda de bombeiros ou de militares da GNR.

"Ficámos aqui sós", lamenta António, que no meio da confusão, ainda teve tempo de fechar o cão Afonso, de grande porte, numa casota, com medo que, aflito, o animal saltasse os muros.

Hoje, ainda ardia uma casa reconstruída em Degolados e via-se algum fumo por entre quintais, pinhais e eucaliptais que ficaram queimados.

No entanto, "já dá para descansar", constata, ao mesmo tempo que recorda que "uns bons metros quadrados" de pinhal dos seus pais ficaram ardidos.

Agora, "são mais 30 ou 40 anos para se recuperar alguma coisa", diz António Silva.

Apesar de em Degolados já se descansar, o incêndio continua a lavrar no concelho de Mação.

As frentes têm origem no fogo que começou na Sertã (distrito de Castelo Branco), no domingo, e que se estendeu até este município do distrito de Santarém, bem como ao concelho da Sertã.

A Câmara Municipal estima que mais de 15 mil hectares de floresta já arderam neste incêndio, quase metade da área florestal do concelho.

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