O diácono falava, em declarações aos jornalistas, antes de assistir à missa da 31.ª Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz, celebrada pelo cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, na Cantina da Cidade Universitária, em Lisboa.

Horácio Félix assinalou que "grande parte" das pessoas sem-abrigo "padece de outros problemas" sem ser a "falta de teto ou recursos financeiros", como os de saúde mental, em que "a situação é mais complexa de tratar".

"Precisamos de uma estratégia que tenha isso em consideração (...) Uma política de saúde mental que olhe para as pessoas que estão nestas circunstâncias", afirmou, defendendo o acompanhamento institucional e médico permanente das pessoas nestas situações.

O presidente da Comunidade Vida e Paz, organização que apoia mais de 430 pessoas na rua, advogou que, após o tratamento hospitalar, os sem-abrigo com doença mental devem "ter sempre uma retaguarda de uma instituição", um "espaço onde estejam protegidos" e possam "readquirir a sua dignidade como pessoas".

"Aí, as respostas são muito reduzidas", sustentou.

A Estratégia Nacional para a Integração de Pessoas em Situação Sem-Abrigo (2017-2023) preconiza que ninguém deve ficar na rua mais de 24 horas, estabelecendo como eixos o direito a alojamento, educação, formação e inserção profissional.

Horácio Félix, que assumiu a liderança da Comunidade Vida e Paz em outubro, realçou a "grande vontade política de mudar a situação" das pessoas sem-abrigo e apontou como meta exequível a diminuição de casos para o "nível residual".

"Penso que é possível, assim haja vontade de todas as partes interessadas (...). Penso que é possível atingirmos uma situação em que esta problemática seja residual", admitiu.

A 31.ª Festa de Natal da Comunidade Vida e Paz começou na sexta-feira, com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e termina hoje.

No dia de hoje, aberto a todos quantos quisessem participar, com ou sem abrigo e com ou sem carências económicas, foi proporcionado um almoço, a que se seguia um lanche.

Os "convidados" (pessoas a viverem na rua a quem as equipas de apoio deram uma senha) podiam tirar o cartão do cidadão e receber atendimento médico. No final, levavam uma refeição ligeira para a ceia.

Na sexta-feira e no sábado, a par das refeições quentes, foram distribuídas peças de roupa e prestados cuidados de higiene.

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