Incentivado pela Rússia, o líder dos sérvios da Bósnia, Milorad Dodik, pediu a 1,2 milhão de eleitores que confirmassem se desejavam comemorar a cada 9 de janeiro o nascimento da "República do Povo Sérvio", proclamada três meses antes da explosão da guerra que deixou mais de 100 mil mortos (1992-95). "Agora sabemos que os cidadãos confirmaram o 9 de janeiro e sabemos que os cidadãos não quiseram renunciar a essa data", comemorou Milorad Dodik, em conferência de imprensa no Parlamento da "Republika Srpska" (RS), em Banja Luka (norte da Bósnia).

O líder dos bósnios, Bakir Izetbegovic, questionou essa "data nacional" perante o Tribunal Constitucional - com sucesso. A Bósnia nasceu dos Acordos de Dayton de 1995, que puseram fim à guerra, e a sua coesão existe apenas graças à vontade da comunidade internacional: uma federação e duas entidades, uma croato-muçulmana e outra sérvia, reunidas por instituições cada vez menos respeitadas.

Muitos sérvios da Bósnia reconhecem-se como sendo parte do povo sérvio, ou como membros da "República Srpska" (ex-República Sérvia da Bósnia), e não como cidadãos da Bósnia. O líder dos bósnios muçulmanos, Bakir Izetbegovic, teme que a consulta deste domingo seja um "balão de ensaio" de Milorad Dodik e um primeiro passo para a secessão. O próprio primeiro-ministro da Sérvia, Aleksandar Vucic, acolheu a consulta com reservas. Antes da votação, o austríaco Valentin Inzko - alto representante da comunidade internacional e garante do respeito dos Acordos de Dayton - advertiu que os resultados desse referendo não têm qualquer consequência jurídica.