O Governo pretende "utilizar este território para fazer um projeto-piloto no reordenamento da floresta, na revitalização do interior", afirmou António Costa, após uma reunião em Pedrógão Grande, distrito de Leiria, com os presidentes dos sete municípios afetados: Pedrógão Grande, Figueiró dos Vinhos, Castanheira de Pera, Pampilhosa da Serra, Góis, Penela e Sertã.
"A coisa pior que pode acontecer é que a floresta volte a crescer como estava. Todos hoje sabemos bem que deixar a floresta crescer livremente é criar condições para que ela seja combustível e que não seja aquilo que deve ser - uma fonte de riqueza e de valorização económica", disse o chefe do Governo.
A mesma ideia já tinha sido hoje transmitida pelo ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos no parlamento. "Não sendo a reforma [da floresta] visível de imediato à escala nacional, se concentramos todas estas medidas, de forma antecipada, naquele território e transformá-lo num laboratório daquilo que a prazo pode ser a floresta portuguesa bem gerida e bem ordenada", afirmou aos deputados da Comissão da Agricultura e do Mar da Assembleia da República.
O projeto, vincou, vai procurar "responder àquilo que é estrutural" para se evitarem, no futuro, "novas tragédias".
Questionado se estava a empurrar o assunto em torno do funcionamento do Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal (SIRESP), António Costa, que já se deslocava para a sua viatura, voltou atrás e disse aos jornalistas que não empurra "coisa nenhuma".
"Eu dou a cara e assumo as responsabilidades", frisou, referindo que o lhe compete fazer "é responder às populações, reconstruir este território, contribuir para a prevenção dos incêndios e apoiar as populações e os combatentes do fogo, quando ele surge".
Sobre o funcionamento do SIRESP, vincou que deseja que, entre a Assembleia da República, o Ministério Público, o especialista em fogos Xavier Viegas, o Instituto Português do Mar e da Atmosfera e outras entidades, possa "tudo" ficar esclarecido e o "mais rapidamente possível".
"Posso-lhe garantir o seguinte: não tem mais curiosidade que eu", respondeu a um dos jornalistas.
Os incêndios que deflagraram na região Centro no dia 17 provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, e só foram dados como extintos no último sábado.
Mais de dois mil operacionais estiveram envolvidos no combate às chamas, que consumiram 53 mil hectares de floresta.
A área destruída por estes incêndios - iniciados em Pedrógão Grande, no distrito de Leira, e em Góis, no distrito de Coimbra - corresponde a praticamente um terço da área ardida em Portugal em 2016, que totalizou 154.944 hectares, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna divulgado pelo Governo em março.
Das vítimas do incêndio que começou em Pedrógão Grande, pelo menos 47 morreram na Estrada Nacional 236.1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, concelhos também atingidos pelas chamas.
O fogo chegou ainda aos distritos de Castelo Branco, através da Sertã, e de Coimbra, pela Pampilhosa da Serra. O incêndio de Góis, que também começou no dia 17, atingiu ainda Arganil e Pampilhosa da Serra, sem fazer vítimas mortais.
(Notícia atualizada às 14h07)
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