A principal ginasta norte-americana, perante o Comité Judicial do Senado dos Estados Unidos, foi clara em alargar as culpas à USA Gymnastics, ao Comité Olímpico e ao Paralímpico do país, que "sabiam que estava a sofrer abusos por parte do médico da equipa".
A campeã olímpica do Rio2016 também acusou o FBI, departamento federal de investigação dos Estados Unidos, de ter "virado as costas" às ginastas, ao responder de forma desadequada e lenta às primeiras acusações contra Nassar, o que terá permitido ao antigo médico prosseguir os abusos durante meses.
Biles diz que "um sistema inteiro permitiu e perpetrou" os abusos contra ela e centenas de jovens, que pela sua idade nem sequer sabiam que estavam a ser abusadas por Nassar.
"Não quero que nenhum outro jovem desportista olímpico ou nenhum outro indivíduo sofra o horror que eu e centenas de outras suportaram e continuam a suportar", declarou Biles, emocionada a ponto de começar a chorar, perante dezenas de legisladores, que a observaram em silêncio.
No início do testemunho, Biles disse que não imaginava um local em que estivesse "mais incomodada" que na sala do Comité do Senado.
Junto a ela, sentaram-se outras três ginastas olímpicas, que igualmente acusam Nassar: McKayla Maroney, Maggie Nichols e Aly Raisman.
O Comité Judicial do Senado pretende esclarecer porque o gabinete do FBI de Indianápolis, onde se situa a sede da USA Gymnastics, respondeu de forma não adequada às denúncias contra Nassar.
Um relatório interno do Departamento de Justiça relevou, em julho, erros graves no seio do FBI que levaram a que a investigação ficasse parada mais de oito meses. Quando esse documento de 119 páginas foi tornado público, um grupo de senadores avançou com uma audiência para investigar a resposta do FBI e para corrigir erros institucionais.
Nassar usou a sua posição como médico para abusar de, pelo menos, 330 jovens, incluindo menores e atletas olímpicas. Cumpre uma pena de 40 a 175 anos pelo cúmulo desses crimes e outra de 60 anos por pornografia infantil, ou seja, uma pena de prisão perpétua de facto.
A condenação foi proferida entre dezembro de 2017 e fevereiro de 2018, coincidindo com o início do movimento #MeToo nos Estados Unidos.
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