“É muita coincidência saírem três relatórios no espaço de uma semana, todos eles a dizer que se houver recuperação do tempo de serviço dos professores, a economia vai derrapar e que é preciso temos de ter cuidado com o défice, por causa da atualização das carreiras”, disse à Lusa Nuno Dias, secretário regional do SIPE de Braga e Guimarães.

O dirigente falava à margem de um plenário que está a decorrer durante todo o dia numa escola em Aveiro, para falar sobre as negociações que têm estado a decorrer com o Governo para a recuperação do tempo de serviço, que foi congelado.

Nuno Dias realça ainda a existência de um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que terá sido realizado por um membro do Governo e que, segundo o dirigente, contém “informações incorretas”.

“O relatório da OCDE tem um monte mentiras sobre aquilo que os professores ganham e aquilo que trabalham em termos de horas, porque os valores estão completamente incorretos”, disse Nuno Dias.

O dirigente diz que esta alegada campanha tem como objetivo fragilizar a posição dos professores que lutam pela recuperação do que consideram ser o total do tempo de serviço — nove anos, quatro meses e dois dias.

“Nós só queremos que o Governo cumpra aquilo que prometeu, aquilo que deixou em lei, que é a recuperação do tempo de serviço para os professores. Para além disso, houve uma recomendação da Assembleia da República para que esse tempo fosse todo recuperado e o Governo não está a cumprir”, disse Nuno Dias.

O sindicalista diz que a luta “está para continuar” manifestando-se preocupado com as consequências que isso poderá ter no ensino.

“Estamos muito preocupados com o desgaste que isto está a provocar nos professores que de forma inconsciente poderá refletir-se depois na capacidade de ensino que eles vão ter junto das crianças”, disse Nuno Dias.

O dirigente adiantou ainda que existe uma “grande insatisfação” por parte dos professores, adiantando que espera uma "grande adesão" na manifestação nacional que está marcada para 5 de outubro, em Lisboa.

“Se a manifestação se conseguir transformar em toda a insatisfação que temos visto, será uma grande adesão”, afirmou.

O SIPE foi uma das dez organizações sindicais de docentes que decidiram avançar para a greve na primeira semana de outubro para pressionar o Governo a contabilizar o tempo de serviço que perderam quando as carreiras estiveram congeladas.