"A urgência do serviço de pediatra do Hospital Garcia de Orta, que vai voltar a encerrar esta noite por insuficiência de médicos pediatras para cumprir a escala noturna, é apenas um exemplo de várias situações semelhantes que se verificam em diversas especialidades de alguns hospitais da Grande Lisboa", disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos, Roque da Cunha.
"Não se pode exigir mais trabalho aos médicos muitos deles com mais de 55 anos que ultrapassam em muito as 150 horas extraordinárias obrigatórias. A título de exemplo, posso dizer que no Hospital de Santa Maria há pelo menos um médico que este ano já fez mais de 600 horas extraordinárias este ano quando não deveriam ultrapassar as 150 horas extraordinárias por ano", disse referindo ainda outros dois casos, de um médico que em três semanas do passado mês de setembro, fez mais de 60 horas extraordinárias, e de um outro, na Anestesia do Hospital da Estefânia, que, em 15 dias fez 58 horas extraordinárias.
Roque da Cunha falava à agência Lusa pouco depois de o Conselho de Administração do Hospital Garcia de Orta, em Almada, ter anunciado o encerramento da urgência pediátrica durante a noite de segunda para terça-feira, por "insuficiência de médicos pediatras para cumprir a escala noturna", tal como já tinha acontecido no último sábado.
Segundo o secretário-geral do SIM, as situações de contingência que determinaram, mais uma vez, o encerramento da urgência pediátrica do Hospital Garcia de Orta, também podem ocorrer, cada vez mais com mais frequência, devido à falta de médicos, e à sobrecarga de trabalho dos que estão ao serviço, nas especialidades de Ginecologia dos Hospitais Garcia de Orta, Santa Maria e Maternidade Alfredo Costa (MAC), e de Anestesia, nos hospitais da Estefânia, Amadora e MAC, em que o "número de médicos também é insuficiente para cumprir os mínimos estipulados a bem da segurança dos utentes e dos médicos".
"Os hospitais deviam ter mais médicos do quadro de pessoal no serviço de urgência e não podem continuar a recorrer a tarefeiros contratados a empresas a quem os hospitais pagam três a quatro mais do que pagam aos seus médicos", disse Roque da Cunha, que alertou para a "indignação crescente dos médicos" e lamentou o que considerou ser a "insensibilidade do Governo para resolver o problema".
"Espero que o primeiro-ministro António Costa, agora com legitimidade reforçada nas eleições de 6 de outubro, corresponda com medidas concretas à preocupação manifestada pelo senhor Presidente da República com o Serviço Nacional de Saúde", concluiu o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos.
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