Em declarações à agência Lusa, o secretário-geral do SIM, Roque da Cunha, manifestou a sua solidariedade com uma médica que foi agredida por uma utente numa unidade do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Almada.
Segundo o SIM, a médica estava a fazer triagem para consultas não programadas (segundo o protocolo de segurança implementado em tempo de pandemia) quando foi “agredida verbal e fisicamente” por uma utente que exigia uma consulta no imediato para obter uma declaração de falta justificada para uma filha, o que nem sequer é “um motivo de urgência clínica”.
“Foi cometido um crime público mas, apesar de ter sido identificada pelos agentes da esquadra da PSP do Laranjeiro (Comando Distrital de Setúbal da PSP) a agressora não foi detida, mas apenas identificada... teria sido diferente se em vez de numa unidade de saúde tivesse sido num tribunal, ou se em vez de uma profissional de saúde tivesse sido uma senhora procuradora ou juíza”, refere o SIM em comunicado.
Roque da Cunha adiantou à Lusa que o SIM, “além de se solidarizar com a colega e lamentar a inação do Governo também nesta área”, vai hoje mesmo oficiar o diretor nacional da Polícia de Segurança Pública no sentido de “o sensibilizar em relação à questão do flagrante delito”.
“Ontem [quarta-feira] depois de identificada, a agressora, com testemunhas, não foi presente ao juiz porque alegadamente não teria sido em flagrante delito”, referiu.
Contudo, defendeu Roque da Cunha, “o flagrante delito não é só na presença de um agente da autoridade (quando) é um crime público e nesse sentido vamos pedir com caráter de urgência uma reunião com o senhor diretor nacional da Polícia de Segurança Pública".
"Este tipo de situações injustificáveis têm ocorrido, talvez, com maior incidência dado não só a falta de médicos de família, mas também pelo sinal dado, do meu ponto de vista, pela parte do Governo, e muito particularmente pelo senhor primeiro-ministro quando chama cobardes aos médicos”, adiantou o secretário-geral do SIM.
No seu entender, “o Governo não tem enaltecido devidamente o trabalho dos médicos, antes pelo contrário”.
Roque da Cunha considerou ainda que estas situações também podem dever-se a “uma maior ansiedade, agressividade” devido à situação atual e “à falta de consultas que resulta das orientações do Ministério da Saúde”.
“Penso que serão alguns aspetos que não podem naturalmente justificar este tipo de atitude”, concluiu, defendendo que estes comportamentos devem ser prevenidos, respeitando os médicos e não criando alarmes.
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