No final de duas horas de reunião com a administração da empresa, o dirigente Eduardo Florido disse à agência Lusa que a Autoeuropa não assumiu durante o encontro que a proposta hoje feita aos trabalhadores para alteração do seu horário fosse “unilateral”, como o comunicado distribuído esta manhã pela empresa aos trabalhadores assumia.

“Estamos completamente contra. O que está em cima da mesa é uma proposta praticamente igual à que levou à greve de dia 30 de agosto. Há um retrocesso e a empresa já sabe qual é a posição dos trabalhadores”, disse o dirigente do SITE-Sul.

O sindicato afirma assim estar disponível “para colaborar e encontrar uma solução que agrade a ambas as partes”, tendo sido agendada uma reunião de negociação na próxima semana.

“Fizemos algumas propostas alternativas que passam pela adesão individual e voluntária dos trabalhadores para quem quer trabalhar ao sábado e defendemos também que deve haver uma melhoria das contrapartidas financeiras e outras condições”, disse.

A administração da Autoeuropa comunicou hoje aos trabalhadores a intenção de avançar, em janeiro, com um novo horário de produção de 17 turnos semanais, face à rejeição de dois pré-acordos negociados previamente com a Comissão de Trabalhadores.

Na proposta, a administração da Autoeuropa promete pagar os sábados a 100%, equivalente ao pagamento como trabalho extraordinário, que era umas principais reivindicações dos trabalhadores. Este pagamento dos sábados a 100% poderá ainda ser acrescido de mais 25%, caso sejam cumpridos os objetivos de produção trimestrais.

"Em finais de janeiro vamos iniciar o modelo de trabalho de 17 turnos semanais, que cumpre com a lei e garante a produção aos sábados a dois turnos", refere um comunicado da empresa distribuído hoje de manhã aos trabalhadores.

"Claramente que vamos refletir no 'feedback' que nos foi dado com o resultado do referendo. Embora tenham sido expressas muitas opiniões diferentes nas várias reuniões, entendemos que a maioria dos colaboradores está comprometida com o cumprimento do programa de produção do próximo ano", acrescenta o comunicado.

No documento, a administração da Autoeuropa defende a necessidade de avançar com "um modelo de trabalho que seja legal" e refere que "as condições do pré-acordo rejeitado seriam possíveis apenas com uma autorização do Conselho de Administração da marca Volkswagen para o aumento dos custos de produção da fábrica, pelo que, sem um acordo, não é possível manter essas condições".

O novo horário, que entrará em vigor em finais de janeiro, deverá vigorar até ao mês de agosto de 2018. A Autoeuropa promete discutir o período após agosto com a Comissão de Trabalhadores.

Os novos horários de laboração contínua preveem quatro fins de semana completos e mais um período de dois dias consecutivos de folga em cada dois meses para cada trabalhador.