“Nem que seja só um profissional das forças de segurança agredido, esse número continuará sempre a ser inadmissível, pelo que só podemos concluir que algo vai mal na casa que nos tutela”, disse à agência Lusa o presidente do Sinapol, Armando Ferreira, sublinhando que “nada justifica” a afirmação do ministro da Administração Interna.
O Sinapol reagia às declarações do ministro Eduardo Cabrita, que hoje negou a existência de cada vez mais elementos das forças e serviços de segurança agredidos em serviço, após dois militares da GNR terem ficado feridos numa operação de fiscalização de trânsito, em Coimbra.
O Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2018 dá conta de que no ano passado 1.159 elementos das forças e serviços de segurança ficaram feridos em serviço, sem necessidade de internamento, enquanto em 2017 esse número foi de 265.
“Não há cada vez mais [elementos agredidos]. Felizmente Portugal é cada vez mais um país seguro. Em 2014 éramos o décimo oitavo país mais seguro do mundo. Fomos esta semana reconhecidos como o terceiro país mais seguro do mundo. Há cada vez mais proatividade e capacidade operacional das nossas forças e serviços de segurança. E os portugueses são devedores de um grande reconhecimento, de uma profunda admiração por uma atividade que, pela sua natureza, comporta riscos”, disse aos jornalistas Eduardo Cabrita, quando confrontado com aqueles dados do RASI.
O presidente do Sinapol sublinhou que esta declaração “só pode ter sido influenciada pelo clima pré-eleitoral”.
Armando Ferreira referiu que os dados do RASI mostram que as agressões aos elementos das forças e serviços de segurança quadruplicaram em 2018 face ao ano anterior, ressalvando que estes dados “são inferiores aos números reais”.
Para o Sinapol, há quatro fatores que explicam este aumento, designadamente a “falta de respeito pelo autoridade do Estado representada pelos profissionais das forças e serviços de segurança”, a forma como a justiça “não castiga os agressores dos polícias”, a falta de efetivo e a elevada média de idades.
Comentários