“Estamos profundamente indignados com essas declarações, de quem não as podia proferir, mesmo que as pensasse”, disse o dirigente sindical, à margem da conferência de imprensa de balanço da greve geral dos médicos.
Mário Jorge Neves defendeu que são “declarações de uma enorme infelicidade” e que surgem no preciso momento em que os médicos estão num conflito aberto com o governo.
“Existe aqui uma ligação que não é possível colocar de lado, na alta política não existem coincidências”, defendeu.
O bastonário da Ordem dos Médicos avisou hoje o ministro da Saúde de que vai ter de escolher se quer uma saúde com médicos ou sem médicos, admitindo ainda abandonar o Conselho Nacional de Saúde (CNS).
Em causa está o pedido da Ordem dos Médicos para que o presidente do CNS se demita, na sequência de declarações que fez sobre a transferência de trabalho dos médicos para outros profissionais de saúde.
O sindicalista Mário Jorge Neves refere que estas práticas já foram testadas em vários países, como a Grã-Bretanha, e considera que as repercussões foram “dramáticas”.
“Cada profissional de saúde tem a sua aérea de formação específica e não podemos entrar para uma escola de outro setor para sair médicos”, disse.
O dirigente sindical defendeu ainda que agora compreende o motivo que levou a que fosse efetuada a Lei do Ato em Saúde.
“O que deveria estar definido era a Lei do Ato Médico. Portugal é um dos poucos países da Europa onde essa matéria não está legislada. Isso tem uma intenção, porque esta solução dá cobertura legal a todo o tipo de alienação de competências que decidam fazer”, frisou.
O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos já tinha, por sua vez, acusado o presidente do Conselho Nacional da Saúde de ser “useiro e vezeiro em atitudes antimédicas” e disse compreender a intenção do bastonário da Ordem dos Médicos de pedir a sua demissão.
“O presidente do Conselho Nacional da Saúde (CNS) é useiro e vezeiro em ter atitudes antimédicas”, afirmou, acrescentando: “Compreendo a atitude do bastonário” da Ordem dos Médicos.
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