Em declarações à agência Lusa, a dirigente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Luciana Passo, garantiu que, na reunião desta manhã de mediação convocada pela Direção-geral para as Atividades de Trabalho, a transportadora aérea de baixo custo manteve "a mesma postura, o mesmo discurso e a mesma inflexibilidade”, nomeadamente sobre a não inclusão de subcontratados num acordo de empresa.

Assim, o SNPVAC vai solicitar uma reunião com as empresas Crewlink e Workforce para debater as questões laborais dos trabalhadores subcontratados.

“Hoje, lamentavelmente, foi mais do mesmo. A Ryanair manteve uma postura inabalável e não querem um acordo coletivo que possam juntar trabalhadores das três empresas”, lamentou a dirigente sindical, referindo que em causa estão casos de precariedade, incluindo trabalhadores subcontratados para a Ryanair há 10 anos.

“Essa precariedade tem de ter um fim”, sublinhou à Lusa a responsável do sindicato, que referiu que a Ryanair voltou esta manhã a rejeitar negociar com a presidente do sindicato, por não ser sua tripulante.

Com os delegados sindicatos em Lisboa e no Porto a serem subcontratados, teria que ser o delegado em Faro, que é contratado pela Ryanair, a sentar-se à mesa, notou Luciana Passo, comentando que dentro dos aviões da companhia não há qualquer diferença visível entre os tripulantes.

A presidente reafirmou a disponibilidade para haver negociações com todas as empresas e a vontade de outros sindicatos se juntarem aos europeus que afirmaram a sua união e “procurar chegar a algum consenso”, "mas com esta postura, não se deixa grandes alternativas".

Em resposta à Lusa, fonte oficial da Ryanair afirmou não comentar conversações com os seus colaboradores.

No passado dia 24, os tripulantes de cabine da Ryanair anunciaram que farão greve durante o verão, se a companhia aéreaa não acatar as reivindicações acordadas por vários sindicatos europeus até final de junho.

A decisão de convocar uma “ação industrial conjunta, incluindo o recurso à greve”, foi anunciada depois de uma reunião na sede do SNPVAC, em Lisboa, com vários sindicatos europeus.

Em conferência de imprensa, a presidente do SNPVAC, Luciana Passo, informou que entre as condições colocadas à Ryanair, para resposta até 30 de junho, está a aplicação da “legislação nacional imperativa relativa a cada país nos respetivos contratos de trabalho e regulamentos internos da empresa”.

“A Ryanair deve iniciar negociações com os representantes nomeados por cada sindicato, sem colocar antecipadamente quaisquer restrições”, segundo a declaração conjunta dos sindicatos, que querem ainda a aplicação dos “mesmos termos e condições contratuais e legais” a todos os trabalhadores, incluindo os subcontratados.

Assim, se a Ryanair não cumprir as condições, os “sindicatos signatários [CNE/LBC, SITCPLA, SNPVAC, UILTRASPORTI e USO] comprometem-se a iniciar os procedimentos necessários para a convocação de uma ação industrial conjunta, incluindo o recurso à greve, a ter lugar durante o verão de 2018”.

Os tripulantes de cabine das bases de Portugal cumpriram no período da Páscoa três dias não consecutivos de greve, tendo o sindicato criticado a Ryanair face ao recurso a trabalhadores de outras bases para minimizar o impacto da paralisação, o que levou à intervençaõ da Autoridade para as Condições de Trabalho.

O presidente executivo da Ryanair garantiu em 11 de abril à Lusa a legalidade das suas ações durante a greve e que os trabalhadores da companhia em Portugal preferem continuar com contratos sob a lei irlandesa, uma vez que ganham mais e têm mais dias de licença maternal.

“Os tripulantes são muito bem pagos. Ganham entre 30 a 40 mil euros por ano, o que é mais do que enfermeiros ou professores em Portugal e estamos muito agradecidos que poucos tenham apoiado a greve no fim de semana da Páscoa, e foi por isso que a greve teve tão pouco sucesso e cancelámos menos de 10% dos nossos voos”, notou Michael O’Leary à agência Lusa.

Porque o seu tempo é precioso.

Subscreva a newsletter do SAPO 24.

Porque as notícias não escolhem hora.

Ative as notificações do SAPO 24.

Saiba sempre do que se fala.

Siga o SAPO 24 nas redes sociais. Use a #SAPO24 nas suas publicações.