Filha de mãe portuguesa e de pai iraniano, Manuela Doutel-Haghighi é uma mulher do mundo. Estudou em França e nos EUA, trabalhou em sete países de três continentes e embora tenham assentado em Portugal nos últimos anos para integrar os quadros da gigante Microsoft, continua a trabalhar com equipas do outro lado do mundo numa base diária. Seja em que território for, há um comportamento comum que vai encontrando nas muitas mulheres com quem se cruza: o do auto-boicote. “As mulheres no mundo inteiro são educadas para serem boas, mas nunca serão boas o suficiente. E isso vê-se no mundo profissional. Vivemos numa cultura do alfa, do herói, do homem que está sempre à frente. Já nós somos ensinadas a ter medo, tudo isto me bloqueou durante longos anos. Depois de ter um burnout tive de fazer um grande trabalho sobre mim própria e desconstruir tudo isto.”.

Esse processo de auto-desconstrução não ficou por si mesma. Hoje, boa parte do tempo de Manuela é dedicado a ajudar outras mulheres a ultrapassarem os mesmos obstáculos comportais na gestão das suas carreiras, ditados, acima de tudo, por normas e estereótipos sociais que continuam a ser diferentes para homens e mulheres. Nos workshops de empoderamento feminino que organiza surgem-lhe muitas mulheres brilhantes que, porém, são incapazes de dizer em voz alta que são boas no que fazem ou colocarem-se na linha da frente como as melhores para desafios de liderança. Nestes 50 minutos de conversa com Patrícia Reis e Paula Cosme Pinto, a nossa convidada explica os perigos desta postura, dá umas luzes sobre os passos chave para contornar tais dificuldades e deixa um conselho como ponto de partida: “Gostava muito que as mulheres portuguesas deixassem de dar importância ao que os outros pensam: pais, maridos, amigos, religião. Não ter medo, ter liberdade”.

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