O encontro teve lugar entre 14 e 18 de janeiro – confirmou o 7MARGENS no local e junto de alguns dos participantes.

A reunião decorreu no Penha Longa Resort, de Sintra, onde um quarto individual para quatro noites nesta semana (de terça a sábado, os mesmos dias em que há três semanas se realizou a iniciativa) custa 1041 euros já com uma “promoção” – e admitindo que, num encontro como este, pode ter sido negociado um preço mais reduzido – mas sem contar com as refeições. A organização e o pagamento é do Acton Institute for the Study of Religion and Liberty (Instituto Acton para o Estudo da Religião e a Liberdade), dos Estados Unidos, que teve no padre Robert Sirico, muito ligado ao Partido Republicano dos EUA, um dos seus fundadores.

Na maior parte, os bispos são oriundos de países pobres e muitos deles não podem viajar senão quando é estritamente necessário ou por convite. Por isso, o Acton oferece-lhes as viagens, estadia e uma ida a Fátima, com a contrapartida de ouvirem intervenções por pessoas que integram todas a estrutura do instituto e que são normalmente muito cuidadosos na forma como falam do Papa, como confirmam bispos que participaram no encontro.

O padre Sirico é um dos que, desde a primeira hora, é muito crítico das ideias sociais do Papa Francisco. Antigo pastor evangélico e padre católico desde 1989, é conhecido por ser um defensor do mercado livre capitalista e da “opção preferencial pela liberdade”, em oposição à “opção preferencial pelos pobres”, defendida por muitos bispos da América Latina. Nisso, aliás, afasta-se do próprio João Paulo II, que defendia essa ideia, bem como a centralidade do trabalhador, perante o capital, nos conflitos laborais.

A iniciativa tornou-se já, nos últimos anos, uma espécie de ritual – no lugar e na data. Este ano, ela contou com um convidado “especial”: o bispo Rolando Alvarez, da Nicarágua, expulso do país pelo regime de Daniel Ortega, depois de meses de prisão, que deu um testemunho sobre a perseguição de que foi vítima, bem como sobre as perseguições que têm sido movidas à Igreja Católica, organizações de defesa dos direitos humanos e a outras instituições da sociedade civil (a foto de destaque mostra-o à direita, num dos momentos do encontro). Um dos últimos episódios, de que o 7MARGENS deu conta, foi o desaparecimento, no dia 29 de janeiro, de 30 monjas clarissas, cujo paradeiro continua desconhecido.

O calvário do bispo

“[No] Congresso de Bispos, ouvimos comovidos o testemunho de Dom Rolando Alvarez, da Nicarágua: ficou 11 meses preso pelo regime de Ortega”, contava um dos participantes em mensagem enviada a alguns amigos e à qual o 7MARGENS teve acesso. “Mártir actual”, acrescentava. “Seis meses de prisão domiciliar, depois preso: desnudado, 21 dias preso no ‘inferninho’, diretamente no chão, totalmente nu, (…) sempre fotografado, em estado de choque. Oferecia o seu sofrimento pela Igreja da Nicarágua.”

A mensagem resumia o calvário de Álvarez: “Onze meses sem dormir. Luzes. Gritos. Comida gelada, sem sal. Peixe cru. Calor sufocante. Sem remédios, sem óculos. Cantava a Deus e a Nossa Senhora. Pensava na morte. Pedia que, se ia morrer, aquilo servisse de purgatório. Perdoava os seus inimigos: difícil, mas perdoava. Três opções: a morte, a loucura ou uma doença degenerativa.” E o bispo citava depois os sentimentos referidos pelo colega nicaraguense: “Sou fiel e obediente ao Papa. Recitava o Credo. Cantava ‘A Treze de Maio’. Por fim: “Foi libertado. Agora não pode mais voltar. Mora em Roma, por ordem do Papa. Eu chorei ao ouvi-lo…”

A realização do encontro em Sintra tem tido praticamente um ritmo anual desde pelo menos 2018: não se realizou durante a pandemia e em 2023 decorreu em maio; mas já houve pelo menos seis edições na Penha Longa. A sua localização e o seu carácter quase secreto foram revelados em janeiro de 2020 pelo 7MARGENS. Não foi possível saber se nesta última edição houve bispos portugueses convidados.

Confidencialidade e silêncio absoluto

Nessa altura, depois de regressar a casa, o neerlandês Johannes Hendriks, bispo de Haarlem-Amesterdão, escreveu no seu blogue: “No início da conferência, foi indicado que o instituto organizador não publicaria informações sobre o encontro, devido ao seu carácter informal e para não dificultar o debate espontâneo, e porque entre os presentes se encontravam bispos com responsabilidades grandes e complexas (…) bem como bispos de países onde prevalece a perseguição, um regime ditatorial no poder ou a situação política é muito complexa. Por conseguinte, foi exigido um certo grau de confidencialidade também aos presentes”.

Este ano, um dos bispos presentes, oriundo da América Latina, admitia ao 7MARGENS que um dos pedidos veementes dos organizadores era o compromisso dos participantes pelo silêncio absoluto sobre o que ali se passou. E já há cinco anos, dois outros participantes – um do Paquistão, outro de Angola – também asseguravam que, logo no início, lhes era pedida confidencialidade sobre o que ali se passava, embora afirmassem que eram “conversas informais” sobre “temas normais”.

Alguns, no entanto, não resistem a contar o que lá se passa – ou simplesmente não “obedecem” ao que é sugerido. Em 2023, o encontro da Penha Longa foi em maio, entre os dias 16 e 20. Também no seu blogue, o arcebispo nigeriano de Abuja, Ignatius Ayau Kaigama, dizia que o tema central do congresso foi: “A pessoa no centro da família, da cultura e da economia”.

Referia depois vários detalhes dos temas e das palestras escutadas: “Os fundamentos e a falsificação da personalidade; Cultura: colonização, evangelização e ideologia; A pessoa humana e a economia.” Além destas, houve ainda “três painéis de discussão sobre a família, a empresa como vocação, e o conflito religioso e ideológico”.

Kaigama foi um dos que, há dois anos, interveio no painel sobre este último tema, a par do cardeal Alvaro Ramazzini, da Guatemala, e dos arcebispos Salvatore Cordileone, de São Francisco (EUA) e Sebastian Shaw, do Paquistão.

O arcebispo Shaw esteve também na Penha Longa há cinco anos. Mas em agosto de 2024 a sua diocese de Lahore foi confiada pelo Vaticano a um administrador apostólico, na sequência de acusações de abuso sexual e fraude financeira contra o arcebispo. O seu futuro, noticiava-se na altura, era incerto, devido à falta de informações oficiais sobre o seu afastamento e as razões que o motivaram. Pouco mais se soube sobre ele depois disso.

“Pouco lugar para um Estado que cuide dos pobres, dos fracos e dos necessitados”

Embora sublinhando a importância do encontro “de bispos que enfrentam problemas muito diferentes” – oriundos “da Venezuela, do Chile e da Argentina, da Austrália e de vários países de África, dos Estados Unidos, da América Central e da Europa de Leste” –, Johannes Hendriks, bispo de Haarlem-Amesterdão, manifestava no seu texto de há cinco anos uma perspetiva crítica de algumas temáticas e da forma como foram abordadas: falou-se de temas relacionados “com a importância da fé e da razão para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa”, mas com uma “visão da sociedade um pouco americana, com uma forte preferência por um Estado pequeno”, escrevia.

“Isto refletiu-se particularmente numa ênfase excessiva – na minha opinião – no princípio da subsidiariedade como justificação para um Estado assumir o menor número possível de tarefas. Embora não tenha sido dito de forma tão explícita, pareceu-me que, nesta visão, há pouco lugar para um Estado que cuide dos pobres, dos fracos e dos necessitados. Esses cuidados eram fortemente deixados à caridade; esta é uma visão com a qual não concordo.” E acrescentava Hendriks: “Uma sociedade ‘dura’ como a americana não é, de modo algum, o meu ideal. Ao mesmo tempo, as conferências tiveram sempre como ponto de partida os ensinamentos sociais da Igreja, com referências frequentes e sempre positivas às encíclicas sociais dos Papas Pio XI, Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e Francisco. Foi interessante registar este ponto de vista, mesmo que não seja certamente o meu.”

A partir do que os participantes vão dizendo, é possível perceber a mensagem do Acton: propõe-se um olhar sobre a sociedade centrada sobretudo nas “ameaças” à família e numa moral restrita. Mesmo invocando o ensinamento dos papas, a conversa insinua perspetivas que vão ao arrepio do que eles afirmam, nomeadamente em matéria social. Isso é visível em vários dos textos de responsáveis do Acton que criticam, de forma mais implícita ou mais explícita, as ideias “anti-capitalistas” do Papa ou o seu “peronismo” – uma alusão à visão do antigo presidente Juan Perón.

Um texto do Papa “economicamente falhado”

A encíclica Laudato Si’, de 2015, sobre o cuidado da Casa Comum, merece o menosprezo dos dirigentes do Acton: “Embora o Papa escreva e fale [sobre o tema], ele não é um especialista em biotecnologia – permitindo diferenças de opinião – [mas,] quando ele fala sobre temas políticos ou económicos, ele fá-lo com convicção e certeza”, escreveu Alex Chafuen, presidente da rede Atlas e administrador do Acton. Mas, apesar de admitir que em muitos temas concretos a hierarquia católica “não tem motivos para propor uma palavra final”, em questões económicas “a Laudato Si’ parece unilateral”, acrescenta o texto. O facto de o Papa ser oriundo da Argentina, um país de “capitalismo intervencionista e corrupto” também pode ajudar a uma visão tão “disfuncional” da economia e dos mercados, dizia Chafuen, num texto que, se fosse escrito hoje, talvez já fizesse muitos elogios ao ultraliberalismo do atual presidente, Javier Milei. Num outro artigo, Samuel Gregg resumia a Laudato Si’ a um texto “bem-intencionado”, mas “economicamente falhado”.

Há cinco anos, era possível ler um texto em português, da autoria do diretor de pesquisa do Acton, Samuel Gregg, com o título “Papa Francisco: um homem de esquerda?”. Nesse artigo, entretanto inacessível no sítio digital do Acton, mas que foi citado em 2020 pelo 7MARGENS, criticava-se a limitação dos comentários económicos do Papa Francisco – fórmula que, com esta ou expressões semelhantes, tem sido usada pelos sectores mais críticos do Papa para desvalorizar as suas intervenções nesse campo.

Menos filhos e mais animais de estimação

O bispo angolano que, há cinco anos, falou com o 7MARGENS, dizia que uma das preocupações manifestadas nas conferências era a de que “é preciso formar as famílias, por causa da tendência para a diminuição no número de filhos”. E se é verdade que “no Ocidente, há cada vez mais famílias sem filhos e com animais de estimação e a família está a desaparecer” e “na Ásia, as famílias estão cada vez mais envelhecidas”, também em África, apesar da pobreza que ainda hoje atinge boa parte da população do continente, “a tendência também é para que se reduza o número de filhos”, de acordo com os estudos que antecipam o que acontecerá daqui a 50 anos, na perspetiva veiculada pelo Acton.

Esta mesma perspetiva era confirmada por aquilo que dizia o bispo neerlandês: “Foi também sublinhada a importância de conhecer os factos económicos antes de tomar posição sobre questões que afetam a doutrina social, como a pobreza” – um argumento muito semelhante às críticas aos textos do Papa Francisco na área social, como a Laudato Si’. E exemplificava: “Um problema conexo é o envelhecimento da população mundial, que conduz a uma estrutura populacional distorcida. A fecundidade (taxa de fecundidade) registou um declínio acentuado em todos os continentes desde 1950. Mais de metade dos países têm menos nascimentos do que mortes e – tendo em conta as tendências – espera-se que esta situação se verifique em todas as partes do mundo nas próximas décadas. O efeito das medidas governamentais para promover o crescimento demográfico parece ser muito limitado.”

O bispo notava que tinha sido precisamente nos dias em que se realizava o encontro que Donald Trump, então no seu primeiro mandato, que “proferiu o seu discurso ‘pró-vida’ na Marcha anual pela vida, em Washington, no qual afirmou a santidade e a proteção de todas as vidas humanas” – mesmo se os imigrantes e outros grupos pouco valham para o novo inquilino da Casa Branca. “Outros temas incluíram: a luta contra a corrupção, a liberdade religiosa, a liberdade económica e a filantropia”, concluía Johannes Hendriks.

“Gente muito poderosa”

Outro bispo que esteve há quinze dias em Sintra foi o brasileiro Fernando Arêas Rifan, responsável da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, o organismo tradicionalista que o Vaticano aceitou depois de um longo processo negocial. O bispo Rifan foi ordenado pelo cardeal colombiano Darío Castrillón Hoyos, que morreu em 2018, e que foi um dos líderes da fação mais conservadora durante o pontificado do Papa João Paulo II. Na sua primeira posição pública no cargo, o bispo brasileiro preocupou-se sobretudo em condenar as heresias e elogiar a liturgia latina tradicional.

No ano passado, na página de Facebook de um dos participantes, foi possível encontrar a foto de vários bispos que também estiveram no encontro do Acton, feita posteriormente, já em Lisboa. Entre eles, o 7MARGENS identificou Jorge Veja Velasco, de Valparaíso (Chile), António Jaca, de Benguela, e Zeferino Martins, do Huambo, ambos de Angola.

Um dos padres da casa onde ficaram comenta ao 7MARGENS que se questionou sobre o facto de, enquanto bispos, estes terem aceitado ficar no Penha Longa Resort, tendo em conta os preços do alojamento. Mas também tem muitas dúvidas sobre a forma como o Acton “vai passando a sua mensagem profundamente conservadora”. E acrescentou: “É preocupante ver gente muito poderosa que pretende ir fidelizando os bispos e criando uma rede à volta deles.”

Os bispos em causa “não falavam muito”, mas ainda deram a entender que algumas das intervenções principais no encontro pretenderam “mostrar que, não seguindo a doutrina do Papa, é melhor para o povo” – a melhor forma de ajudar os pobres é o capitalismo liberal, dizia outro dos participantes, na linha do que defende o Acton. “Por exemplo, no caso da defesa dos povos indígenas e da preservação das terras contra o agronegócio”.

Apesar de predominarem participantes do Sul do mundo, não é apenas na África, Ásia ou América Latina que o Acton convida bispos. Também há europeus e norte-americanos que são incluídos na lista. Em 2018, por exemplo, três bispos ingleses divulgavam a sua presença no fórum do Acton Institute, nas notícias do The Catholic Herald, o jornal da Igreja Católica de Inglaterra e Gales: Robert Byrne (Birmingham) estaria entre terça e sábado no Fórum internacional de bispos; Mark Davies (Shrewsbury) iria nos mesmos dias a uma “conferência internacional e peregrinação a Fátima” e John Wilson (então bispo auxiliar de Westminster, nomeado em junho de 2019 para bispo de  Southwark) estaria também, nos mesmos dias, no Fórum do Acton Institute, em Portugal.

Uma ida a Fátima

Em maio de 2023, o arcebispo Kaigama confirmava ainda, no texto do seu blogue, esse outro ritual ligado ao encontro: em cada ano, o grupo vai a Fátima durante um dia. Mas também aqui quer passar discreto: ao contrário do que acontece com quase todos os grupos de peregrinos, que se fazem anunciar com antecedência e pedem ao Santuário espaços para alguma reunião ou celebração litúrgica, neste caso já houve vezes em que o grupo nem sequer disse nada aos serviços (foi o que se passou em 2020) ou disse apenas no próprio dia, como aconteceu este ano, em 15 de janeiro.

Nessa data, o grupo contactou os responsáveis do Santuário e pediu um espaço para uma celebração privada. Isso já não era possível, foi-lhes comunicado, por não haver lugar disponível – habitualmente, esse tipo de celebração decorre nas capelas da Basílica da Santíssima Trindade. Por isso, os 80 bispos e cardeais acabaram por participar na oração do terço na Capelinha das Aparições ao meio-dia, informou o Gabinete de Comunicação do Santuário de Fátima ao 7MARGENS.

“Tive a alegria de estar entre os mais de 100 bispos de 38 países que chegaram a Lisboa, Portugal, no dia 16 de maio de 2023, para o Fórum Episcopal Internacional organizado pelo Acton Institute”, escreveu na ocasião, no seu blogue, o arcebispo de Abuja (Nigéria). “No dia seguinte, 17, fizemos uma peregrinação de um dia a Fátima, onde primeiro visitámos Aljustrel, o local de nascimento e casa dos pastores videntes, Lúcia, Francisco e Jacinta, e depois fomos de carro ao local das aparições da Virgem Maria em 1917.”

Fundador do Centro de Diálogo, Reconciliação e Paz, Kaigama foi presidente da Conferência Episcopal Regional da África Ocidental (2015-2022) e e da Conferência dos Bispos Católicos da Nigéria durante seis anos. Ocupou também cargos de presidente de organismos inter-confessionais no seu estado de Plateau e fez parte de um comité mandatado pelo Governo Federal para analisar as causas das crises etno-religiosas da região. “Viaja por todo o mundo para falar sobre a paz e partilhar a sua experiência de diálogo/colaboração inter-religiosa e de esforços de construção da paz”, acrescenta a sua apresentação no blogue. “Sua Graça tem um doutoramento em teologia espiritual pela Pontifícia Universidade Gregoriana em Roma, Itália, e dois doutoramentos honorários”, lê-se ainda.

“Fátima fica a duas horas de autocarro de Sintra. Peregrinos de todas as partes do mundo deslocam-se a Fátima para rezar e beber o ar mariano”, descrevia o arcebispo Ignatius no seu texto. “Fátima tem uma atmosfera muito orante, pois as pessoas são vistas a rezar o terço, a fazer adoração eucarística, a dedicar-se a uma contemplação silenciosa e algumas rastejam de joelhos durante quase duzentos metros desde a Basílica da Santíssima Trindade até à Capela das Aparições como um ato de arrependimento. Há também quem circule de joelhos à volta da capela, rezando o terço.”

Depois da descrição do que vira, o arcebispo observava: “Isto é o que dá esperança de que, por mais que o ‘homem moderno’ tente suprimir as coisas sobre Deus, Deus continua a ser a esperança, o refúgio, a rocha e o escudo da maioria dos homens e mulheres, jovens e velhos, de todas as raças, culturas e estatutos sociais. Foi essa a mensagem que levei da visita a Fátima.”

Um mosteiro nacionalizado

No seu texto, Kaigama falava ainda do lugar do encontro: “O Penha Longa Resort, local da conferência, alberga atualmente o que foi o mosteiro dos Frades Menores Capuchinhos no século XIV.” E descrevia factos da história do país: “Os mosteiros foram nacionalizados em Portugal, o que significa que as terras e os bens de mais de 500 mosteiros passaram a ser propriedade do governo, por decreto de 28 de maio de 1834, promulgado por Joaquim António de Aguiar no final da Guerra Civil Portuguesa. Assim se explica que os edifícios do mosteiro, incluindo uma belíssima igreja (onde celebrámos as nossas missas), tenham passado a ser propriedade do hotel, que utiliza para atividades seculares os salões e quartos da clausura monástica, onde outrora os monges viviam e assaltavam os céus com as suas orações, numa vida de solidão e devoção a Deus.”

O ambiente no encontro, acrescentava o arcebispo de Abuja, foi de “grande fraternidade, amizade e convívio entre os bispos que passaram quatro dias agradáveis de interação, discussão, orações e encontros fraternos”.

Desde 1997 que o Acton organiza encontros como os da Penha Longa. Primeiro eram destinados apenas a bispos do México, para ajudar à formação permanente, como explicou há cinco anos um dos interlocutores do 7MARGENS. Depois, foram alargados a toda a América Latina e, finalmente, a todo o mundo.

Apresentando-se como pretendendo promover “uma sociedade virtuosa e livre, caracterizada pela liberdade individual e sustentada por princípios religiosos”, o Acton define-se ainda como “uma organização de investigação ecuménica sem fins lucrativos que procura demonstrar os benefícios da livre iniciativa a comunidades religiosas, empresários, estudantes e educadores”.

*Este texto teve o contributo do jornalista Hendro Munsterman, em Roma.