PCP diz que Portugal deve demarcar-se do ato
“O PCP repudia a posição do Governo português e considera que, no respeito pela Constituição da República, Portugal se deve demarcar deste inaceitável ato de agressão, pugnar pelo fim da agressão à Síria e apoiar as iniciativas em curso para o diálogo e a paz”, sublinha o PCP.
O Governo português disse hoje compreender as razões que levaram à intervenção militar desta madrugada na Síria, realizada pelos Estados Unidos, Reino Unido e França, defendendo, no entanto, ser necessário evitar uma escalada do conflito.
“Portugal compreende as razões e a oportunidade desta intervenção militar”, afirma o Ministério dos Negócios Estrangeiros em comunicado, acrescentando que o objetivo foi “infligir danos à estrutura de produção e distribuição de armas que são estritamente proibidas pelo direito internacional”.
Em comunicado, o partido realça que o ato “inaceitável” foi realizado sob o “pretexto de uma alegada e não comprovada utilização de armas químicas em Douma, cuja responsabilidade a Síria rejeita, tendo-se disponibilizado a contribuir para o cabal apuramento do que se passou”.
No entender do PCP, o ataque “assume particular e esclarecedor significado”, já que o bombardeamento dos EUA e seus aliados foi efetuado “no momento em que peritos internacionais chegam à Síria para investigar a alegada utilização de armas químicas em Douma”.
Na nota, o partido lembra que os EUA, o Reino Unido e a França foram responsáveis por guerras de agressão com o seu brutal legado de morte, sofrimento e destruição, sob o pretexto de escandalosas e graves falsidades e mentiras, como as inexistentes ‘armas de destruição massiva’ no Iraque ou os infundados ‘massacres da população’ na Líbia”.
“Este ataque representa um novo e grave passo na operação de agressão e destruição da Síria, indissociável das derrotas infligidas pelo povo sírio, com o apoio da Rússia e outros aliados, aos grupos terroristas criados e apoiados pelo imperialismo, dirigido pelos EUA”, é sublinhado.
No comunicado, o partido alerta também para as “imprevisíveis e perigosas consequências de uma escalada de provocação e de agressão contra a Síria e o seu povo”.
O PCP deixa ainda um apelo à solidariedade para com a Síria e o seu povo, que enfrenta, “desde há sete anos, a bárbara agressão do imperialismo norte-americano e seus aliados, resiste e luta em defesa da sua soberania, da independência e integridade territorial da sua pátria, do direito a decidir, livre de quaisquer ingerências, o seu destino”.
BE diz que Portugal se deve distanciar de escalada militarista
“O Bloco de Esquerda condena o ataque e apela à resolução pacífica do conflito sírio no quadro do Direito Internacional, garantindo aos povos da Síria a escolha livre e democrática sobre o seu futuro”, lê-se no comunicado divulgado pelo partido.
O BE considera que o uso de armas químicas na Síria é “absolutamente inaceitável e deve ser investigado”, mas afirma também que “este ataque não resulta de nenhum apuramento real e foi feito à margem das Nações Unidas”.
Para o partido, o ataque desta madrugada “constitui uma grosseira violação do Direito Internacional e dos esforços para a paz do Congresso de Sochi” e “faz parte da escalada de militarismo internacional que vem opondo os EUA e a NATO a outras potências”, uma escalada de que – diz – “Portugal se deve distanciar claramente”.
O Bloco lembra as intervenções militares no Iraque, considerando que o que então se passou “deveria desencorajar a repetição dessa política no caso sírio e em qualquer outro”.
“Todos os que se batem pelo primado da paz e do cumprimento do Direito Internacional e dos direitos humanos são convocados a denunciar o ataque desta madrugada. Não é aceitável qualquer normalização da violência e da barbárie, de ataques contra civis e da violação contínua do Direito Internacional”, defende ainda.
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