As direções dos grupos parlamentares decidiram também cancelar os trabalhos parlamentares marcados para terça-feira e quarta-feira de manhã, para que os deputados possam participar nas cerimónias fúnebres, comunicou o porta-voz da conferência de líderes, o deputado do PSD Duarte Pacheco.

A sessão evocativa da vida de Mário Soares realizar-se-á na quarta-feira a partir das 15:00, será aberta pelo presidente do parlamento, Eduardo Ferro Rodrigues, que lerá o voto de pesar da Assembleia da República, seguindo-se intervenções de todas as bancadas e do Governo, encerradas pelo PS, partido de que Mário Soares foi fundador, comunicou igualmente Duarte Pacheco.

"Estamos a viver uma situação única na nossa democracia, é a primeira vez que um Presidente eleito democraticamente nos deixa e que o país está a viver três dias de luto oficial", declarou.

"O parlamento não podia ficar indiferente a este momento que o país está a viver. Por isso, o consenso foi fácil de alcançar e nos próximos dias vamos estar sobretudo a homenagear o doutor Mário Soares", sublinhou.

O secretário da mesa da Assembleia começou por afirmar que "a conferência de líderes por unanimidade deseja manifestar o seu sentido pesar pelo falecimento do doutor Mário Soares, endereçando as condolências à família, aos amigos, e ao PS".

Mário Soares morreu hoje, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado há 26 dias, desde 13 de dezembro.

O Governo decretou três dias de luto nacional por Mário Soares, a partir de segunda-feira.

Soares desempenhou os mais altos cargos no país e a sua vida confunde-se com a própria história da democracia portuguesa: combateu a ditadura, foi fundador do PS e Presidente da República.

Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares foi fundador e primeiro líder do PS, e ministro dos Negócios Estrangeiros após a revolução do 25 de Abril de 1974.

Primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, foi Soares a pedir a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e a assinar o respetivo tratado, em 1985. Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.