“O momento é de pesar, de perda e de respeito pela morte” de Mário Soares, sublinhou Jerónimo de Sousa, à saída do Mosteiro dos Jerónimos, onde esteve para apresentar condolências à família e ao Partido Socialista.
Acompanhado pelo deputado António Filipe e pelo líder parlamentar do PCP, João Oliveira, o secretário-geral comunista entrou no mosteiro pela porta da igreja, por onde entrou também o ex-presidente da República Jorge Sampaio, e apresentou condolências à família de Mário Soares, cujos restos mortais estão em câmara ardente na Sala dos Azulejos.
Em declarações aos jornalistas, à saída, Jerónimo de Sousa destacou o papel de Mário Soares como “combatente contra a ditadura fascista” e na defesa de presos políticos, alguns dos quais figuras do PCP “num tempo em que era difícil fazê-lo”.
Tal como fizera o Secretariado do Comité Central do PCP na primeira reação oficial à morte do antigo chefe do Estado, Jerónimo de Sousa enumerou em seguida os cargos ocupados por Mário Soares “sem esquecer as naturalmente e com uma grande franqueza as divergências profundas” com o PCP, em particular “após o 25 de Abril” de 1974 e “o seu papel no combate às grandes transformações económicas que resultaram da Revolução de Abril”.
“Independentemente disso, cremos nós, este é um momento de pesar e de apresentar as condolências a família e ao PS”, sublinhou.
Questionado pelos jornalistas, Jerónimo de Sousa rejeitou ainda a tese de que Mário Soares tenha combatido uma possível ditadura de esquerda liderada pelo PCP, sublinhando que “o momento é de pesar, de perda e de respeito” pela morte do antigo Presidente da República.
Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
O Governo português decretou três dias de luto nacional, até quarta-feira.
O corpo do antigo Presidente da República vai estar em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos até à meia-noite de hoje, e entre as 08:00 e as 11:00 de terça-feira.
O funeral realiza-se pelas 15:30 de terça-feira, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
Nascido em 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.
Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.
Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
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