A sondagem foi realizada entre 19 e 20 de janeiro pela D-CYFOR e requerida pela Britain Elects. As repostas dos 1015 ingleses que constituem a amostra representativa do estudo evidenciam um pessimismo perante o futuro do país.

50% dos ingleses consideraram que o Reino Unido estava a ir pelo caminho errado. Em novembro de 2017, esta opção reunia apenas 43% dos votos. Pelo contrário, apenas 30% do público considerou que o Brexit era o melhor caminho para o Reino Unido. Em Novembro, esta resposta continha mais votos do que atualmente (35%).

Neste estudo, as mulheres são mais pessimistas: 53% das mulheres considerou que o país caminhava na direção errada enquanto apenas 47% dos homens optou por essa resposta. Por outro lado, 37% dos homens considerou que saída da União Europeia era a escolha acertada, um número elevado em comparação com as respostas das mulheres (apenas 23% subscreveu esta opção).

44% dos inquiridos revelou também sentir-se agora pior em termos financeiros do que no ano passado. Esta opção foi mais escolhida por mulheres (49%) do que por homens (39%). Entre as respostas pessimistas e otimistas, 35% dos ingleses afirma não ter experienciado qualquer alteração financeira entre 2017 e 2018.

O aumento da inflação e a estagnação dos salários está a fazer com que os britânicos se sintam pessimistas? Para Matt Whittaker, Economista-chefe da Fundação de Resolução, a resposta é sim. O Economista afirmou ao Business Insider que o pessimismo dos ingleses acerca do futuro da economia britânica deve-se ao facto de o “Reino Unido ter sofrido um novo aperto salarial em 2017, já que o aumento do custo de vida superou o crescimento dos ganhos das pessoas”. Matt Whittaker acrescenta ainda que o aperto vai ser aliviado em 2018, mas que o caminho até à recuperação salarial ainda é longo.

Por outro lado, Tim Farron, ex líder do partido liberal-democrata, na sua conta pessoal de Twitter, coloca as culpas no governo e na forma como lidou com a saída do Reino Unido da União Europeia.

“Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo foi capaz de obter reformas substanciais da educação e implementar os planos para o serviço nacional de saúde e para o welfare state [estado de bem estar social]. O governo de hoje só parece ser capaz de fazer uma coisa de cada vez, e a única coisa que está a fazer está a fazer de forma errada”, escreve.

Ben Walker, co-fundador da Britain Elects, disse também ao Business Insider que os resultados mostram uma imagem mais negativa do que realmente é.

“Com muitas pessoas a considerarem-se pior financeiramente e apenas 30% a achar que o Reino Unido está numa boa direção, é incrível como é que os Conservadores [partido da primeira-ministra, Theresa May] não sofrem uma maior descida nas intenções de voto", comentou Ben Walker.

Sobre um eventual regresso à União Europeia, o vice-primeiro-ministro de Theresa May, David Lidington, já lembrou que “em política, é perigoso dizer nunca”, colocando em cima da mesa um eventual regresso no futuro a uma União reformada. Do lado da União Europeia, a porta continua aberta para uma mudança de direção.

O processo para a saída do Reino Unido (Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e Paíse de Gales) da União Europeia deverá ficar concluído em março do próximo ano.