De acordo com esta sondagem, Kyriakos Mitsotakis, de 51 anos, venceu as eleições com 40% dos votos face ao seu principal adversário, que não terá ultrapassado os 28,5%, marcando, assim, a rutura com os partidos tradicionais na Grécia, após quatro anos no poder de Alexis Tsipras, criticado por ter “traído” os seus eleitores ao prosseguir com a política de austeridade.
Os gregos foram hoje a votos numas eleições legislativas antecipadas em relação às quais a generalidade das previsões apontava para que ficassem marcadas pelo fim da experiência de quatro anos de um governo dominado pelo partido de esquerda Syriza e pelo regresso ao poder da direita conservadora.
A ND surge como a provável vencedora do escrutínio, repetindo a vitória registada nas eleições europeias de 26 de maio passado e nas regionais e municipais que decorreram em simultâneo, com segunda volta em 02 de junho.
Diversas sondagens admitiram, inclusive, que o partido conservador liderado por Kyriakos Mitsotakis, representante das “dinastias familiares” que têm dominado a política helénica desde o regresso da democracia parlamentar em 1974, poderá obter maioria absoluta.
Um recente estudo do instituto Pulse para a televisão privada SKAY deu 35% dos votos à ND, face aos 26,5% do Syriza-Aliança Progressista, liderado pelo primeiro-ministro, Alexis Tsipras.
Na terceira posição surgia a aliança social-democrata Kinal, dominada pelo antigo Pasok (socialistas), com 6,5%, seguido pelo Partido Comunista (KKE, 5%) e o neonazi Aurora Dourada (CA, 4%).
No entanto, é possível que dois outros partidos ultrapassem a barreira obrigatória dos 3% de votos para garantir representação parlamentar: o recém-formado partido ultra-direitista Solução Grega (EL), de Kyriakos Velopoulos, e a Frente da Desobediência Realista Europeia (MeRA25, esquerda), fundada pelo ex-ministro das Finanças Yannis Varoufakis, ambos com 3,5%.
As sondagens também foram coincidentes no recuo dos neonazis da CA, cuja direção está a ser julgada desde 2015 por assassínio e liderança de grupo criminal, de momento o terceiro partido no Parlamento, mas que deverá perder metade do eleitorado, como sucedeu nas europeias de maio.
O beneficiado poderá ser a ND, que tenta concentrar os votos de toda a direita contra o Syriza, e o Solução Grega, que baseou o seu resultado na rejeição ao acordo de Prespa com o Governo de Skopje sobre a alteração do nome da Macedónia.
No entanto, esta alteração iminente na geografia política do país — apesar de Tsipras ter alertado para o regresso dos “dias negros” da austeridade — não provocará estranheza em parte considerável da população.
A ND é a alternativa de sempre, e o seu líder pertence a um dos clãs políticos que historicamente tem dirigido o país.
Um dos motivos da esperança depositada em Tsipras, no poder desde 2015, foi a rutura com as “dinastias políticas” e os esquemas tradicionais da política grega, sempre presentes nos conservadores e nos sociais-democratas do Pasok, agora dissolvido no Movimento para a Mudança (Kinal).
A gestão política de Tsipras e do Syriza falhou num aspeto essencial: além da falta de quadros políticos bem preparados para enfrentar a gestão do poder, o partido não conseguiu garantir uma base social estável e firme para transmitir as suas posições. Mesmo que o seu legado seja reconhecido, o primeiro-ministro não conseguiu seduzir parte importante da população grega.
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