Na próxima segunda-feira, assinala-se o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio e um pouco por todo o mundo, onde quer que existam linhas telefónicas de apoio, neste dia procuramos dar visibilidade ao nosso esforço para contrariar este flagelo do suicídio”, disse Francisco Paulino.

Em Portugal, a linha SOS Voz Amiga irá disponibilizar “48 horas de atendimento contínuo”, sublinhou, saudando o esforço dos voluntários.

“É um esforço razoável da parte dos nossos voluntários, pois habitualmente, e porque não temos voluntários para mais, fazemos apenas oito horas diárias, entre as 16:00 e as 24:00″, adiantou o presidente do serviço.

Fundada há 39 anos, a SOS Voz Amiga foi a primeira linha telefónica em Portugal de apoio em situações agudas de sofrimento causadas pela solidão, ansiedade, depressão e risco de suicídio.

Como ajudar alguém em risco?

A comunidade pode ter um papel relevante na prevenção do suicídio. É importante ter a consciência de que a maior parte das pessoas que se suicidaram avisaram antes e que, portanto, nunca deveremos menorizar um aviso de suicídio.

Todas as pessoas que tenham ideias de suicídio devem procurar apoio imediato e a família deve lutar por esse apoio. Recorde-se a necessidade de tratar a depressão, que é uma doença e não um estado de espírito — e é tratável. Existe uma urgência de psiquiatria com atendimento imediato em muitos locais e que em todos os distritos há um serviço de psiquiatria com consultas.

Caso tenha pensamentos suicidas ou conheça alguém que revela sinais de alarme, fale com o médico assistente. Se sentir que os impulsos estão fora de controlo, ligue 112.

Outros contactos:

SOS Voz Amiga
Lisboa (atendimento das 16 às 24h)

21 354 45 45
91 280 26 69
96 352 46 60

SOS Telefone Amigo
Coimbra
239 72 10 10

SOS Estudante
Coimbra
808 200 204

Escutar - Voz de Apoio
Gaia
22 550 60 70

Telefone da Amizade
Porto
22 832 35 35

A Nossa Âncora
Sintra
219 105 750
219 105 755

Departamento de Psiquiatria de Braga
Braga
253 676 055

Brochura do INEM
Ler aqui.

O número de apelos quase triplicou entre 2013 e 2016, passando de 1.271 para 3.701, mas baixou para 3.335 no ano passado (menos 10%) devido à falta de voluntários, segundo Francisco Paulino.

Em 2017, a linha recebeu, em média, 278 chamadas por mês, a maioria (67%) feita por mulheres. A maior parte dos utentes tem entre 36 e 55 anos (46%).

As situações mais relatadas foram solidão/angústia (31%), doenças psíquicas, sobretudo depressão (22%), relações afetivas (9%) e relações familiares (9%).

Cerca de 7% das chamadas foram feitas por jovens até aos 25 anos, sendo as situações mais relatadas a automutilação, ‘bullying’, sexualidade e violência no namoro.

A ameaça de suicídio representou cerca de 5% das chamadas, sendo que destas 75% foram feitas por “pessoas com ideia de morte” e 15% por pessoas que já tinham “um plano de suicídio”.

“Felizmente na maioria das situações, temos conseguido que o desenlace não se dê", disse o responsável.

O Dia Mundial de Prevenção do Suicídio foi criado em 2003 pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio e pela Organização Mundial de Saúde, com o objetivo de prevenir o ato do suicídio, através da adoção estratégia pelos governos dos vários países.

A nível mundial, todos os anos morrem em média cerca de um milhão de pessoas por suicídio e ocorrem entre 10 a 20 milhões de tentativas de suicídio por ano.

A Organização Mundial de Saúde estima que o suicídio seja a 13.ª causa de morte no mundo, sendo uma das principais entre adolescentes e adultos até aos 35 anos. A taxa de suicídio é maior nos homens do que nas mulheres.

Os últimos dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde (DGS) indicam que o número de suicídios em Portugal mantém-se estável, situando-se em cerca de mil casos por ano.

Segundo o relatório do Programa para a Saúde Mental 2017, o número de suicídios é mais significativo no Alentejo e a taxa de mortalidade por suicídio tem maior incidência na faixa etária igual ou superior a 65 anos.

O relatório da DGS refere que o suicídio se verifica sobretudo em pessoas com doenças mentais graves, na sua maioria tratáveis, e integra o grupo de mortes potencialmente evitáveis.