Bannon foi sentenciado a quatro meses de prisão por negar-se a depor perante do comité da Câmara dos Representantes dos EUA que investiga a invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, cometida por apoiantes de Donald Trump.
Um sobrevivente astuto de batalhas políticas e judiciais, Bannon permanecerá em liberdade enquanto o seu recurso tramita na Justiça.
Após servir na Marinha norte-americana e fazer fortuna na Goldman Sachs durante o boom financeiro da década de 80, Bannon fundou, e depois vendeu, o seu próprio banco de investimento, para se tornar produtor de Hollywood.
Contudo, o seu salto para a fama veio como o líder visível do site Breitbart, um meio de comunicação alinhado ideologicamente com a extrema direita, e depois quando se aproximou do fenómeno Trump, até se tornar assessor do bilionário na presidência.
Nessa trajetória, Trump recompensou Bannon ao nomeá-lo chefe da sua campanha em 2016 e, depois, como responsável pela estratégia política da Casa Branca, quando já ocupava o Salão Oval. Neste último cargo, Bannon ajudou a impulsionar algumas das primeiras políticas controversas da administração Trump, incluindo a repressão à migração e a proibição de entrada nos Estados Unidos de cidadãos de países muçulmanos.
Contudo, passados sete meses, deixou de fazer parte do governo. O seu estilo político incendiário foi bloqueado por outros assessores e, inclusive, acabou a azedar a sua relação com Trump. Mas Bannon ressurgiu, sob as asas do bilionário chinês Guo Wengui, fugitivo do seu país natal, e levou o seu estilo político raivoso ao podcast "Bannon's War Room" (A sala de guerra de Bannon).
Em agosto de 2020, foi preso em Nova Iorque, acusado de desviar, para seu próprio benefício, milhões de dólares que foram doados para a construção do um muro fronteiriço privado junto ao México.
Bannon declarou-se inocente, mas, antes que fosse levado a julgamento, Trump concedeu-lhe um indulto geral para esse e qualquer outro caso. No entanto, o processo por fraude foi retomado em setembro, pois a amnistia de Trump não se aplicava a casos na Justiça estadual, nem para o processo sobre a invasão ao Capitólio.
Até agora, não se sabe se o Departamento de Justiça prepara acusações contra Bannon na investigação dos factos de 6 de janeiro. No entanto, o comité da Câmara dos Representantes, que tem poder para processá-lo, deixou claro nas audiências que acredita que Bannon desempenhou algum papel no ataque ao Capitólio.
A investigação do comité mostrou que Bannon sabia de antemão do plano dos partidários de Trump para atacar o Capitólio, que teria ajudado a difundir teorias conspiratórias sobre as eleições "roubadas" e incitado os seus ouvintes a dirigirem-se para Washington DC naquele 6 de janeiro.
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