“Vai haver uma greve a partir do dia 10 de fevereiro a estas provas-ensaio, a todo o seu serviço, seja de aplicação, vigilância, supervisão ou de qualquer serviço associado”, anunciou Daniel Martins, da direção do Stop.

Além da realização das provas, que o sindicato considera não servir qualquer propósito e acrescentar mais trabalho burocrático à lista de tarefas dos professores, o Stop critica o recurso a uma “bolsa solidária” de docentes para a correção das provas.

“De solidária esta bolsa não tem nada, porque não é voluntária, são os diretores que vão indicar os professores, e é impor trabalho gratuito e chamar-lhe bolsa solidária. Achámos que isto é uma afronta”, criticou o dirigente sindical, em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) sobre medicina do trabalho e Caixa Geral de Aposentações, temas que o Stop quer incluir nas negociações do estatuto da carreira docente.

Os alunos dos 4.º, 6.º e 9.º anos vão realizar provas-ensaio entre os dias 10 e 28 de fevereiro para testar o formato digital e identificar eventuais falhas antes das provas finais de 3.º ciclo e das provas de Monitorização da Aprendizagem (ModA) em maio e junho.

Critico das provas de ModA, Daniel Martins considerou “altamente estranho que num momento com falta de professores” o Governo decida realizar provas-ensaio que “vão deslocar os professores de recuperarem as aprendizagens para fazerem trabalho burocrático para estas provas que, no final, pouco ou nada servem”.

“Com isto, o Governo vai retirar espaço às aulas e aos alunos”, sublinhou, defendendo que a prioridade do MECI deveria ser a valorização das carreiras.

As provas-ensaio vão realizar-se entre os dias 10 e 28 de fevereiro, são obrigatórias e terão a duração de 45 minutos.

Apesar de não servirem para avaliação externa, as escolas poderão utilizar os resultados na avaliação interna dos alunos, que serão disponibilizados até ao final do mês de março.

As perguntas de escolha múltipla serão corrigidas de forma automática e as restantes – uma pergunta de construção por prova – serão classificadas por professores da disciplina, em regime de classificação solidária.

O objetivo é que os alunos se familiarizem com o suporte digital em contexto de avaliação e ajudar as escolas a testar a sua preparação tecnológica, organizativa e logística das escolas.

Por outro lado, vão permitir identificar questões técnicas e organizativas que possam ser implementadas pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação antes das provas ModA, no final dos 1.º e 2.º ciclos, que se realizam entre 19 de maio e 06 de junho, e as provas finais do 3.º ciclo, entre 20 e 25 de junho.

Questionado sobre uma possível greve nessa altura, Daniel Martins disse que a decisão está nas mãos dos profissionais.

“Se, em maio, os docentes acharem que voltamos a ser tratados de forma indecente, certamente a greve estará em cima da mesa, mas essa será sempre uma decisão tomada a partir das escolas e por quem lá trabalha”, disse.