Segundo testemunhas citadas pela agência de notícias francesa AFP, milhares de manifestantes reuniram-se também em Ummdurman, um subúrbio a noroeste de Cartum, para protestar contra o golpe de Estado liderado em outubro pelo chefe do exército, general Abdel Fattah al-Burhane.

No sábado, o enviado da ONU ao Sudão, Volker Perthes, anunciou que a partir da próxima semana vai iniciar conversações com “os principais atores civis e militares” para tentar resolver a crise que atravessa o país.

As Forças para a Liberdade e Mudança (FLC, a coligação civil da “revolução”) disseram desconhecer pormenores sobre as negociações que a ONU tenciona encetar e a Associação de Profissionais Sudaneses “rejeita completamente” a via do diálogo.

“O caminho para resolver a crise sudanesa começa com o derrube completo do conselho militar golpista”, sublinhou a Associação de Profissionais Sudaneses.

No total, 60 pessoas morreram na repressão das manifestações contra o golpe de Estado.

O Sudão vive um impasse político desde o golpe militar de 25 de outubro de 2021, que ocorreu dois anos após uma revolta popular para remover o autocrata Omar al-Bashir e o seu Governo islamita em abril de 2019.

Sob pressão internacional, os militares reinstalaram em novembro o primeiro-ministro deposto no golpe, Abdalla Hamdok, para liderar um Governo tecnocrata, mas o acordo não envolveu o movimento pró-democracia por detrás do derrube de Al-Bashir.

Desde então, Hamdok não conseguiu formar Governo perante protestos incessantes, não só contra o golpe de Estado, mas também contra o seu acordo com os militares e acabou por se demitir no último domingo.