O referendo “por uma economia responsável dentro dos limites do planeta” foi rejeitado por pouco mais de 70,5% às 14h45 locais, de acordo com a contagem intermédia das autoridades federais na aplicação VoteInfo, citada pela agência France-Presse (AFP).

A iniciativa foi rejeitada em todos os cantões da Suíça, um resultado que confirma as últimas sondagens que colocavam o “não” nos 60%, após um aumento em relação às sondagens anteriores.

O texto iniciado pelo partido Jovens Verdes (Jeunes Vert-e-x-s) e apoiado pela esquerda política ancorou as suas propostas no conceito de “limites planetários” como forma de combater as crises ambientais.

“O objetivo é alcançar dentro de uma década uma economia e uma sociedade onde a quantidade de recursos consumidos e a de poluentes libertados permaneçam em proporções toleráveis pelo ambiente”, explicou a organização não governamental Greenpeace, apoiante do “sim”, num comunicado de imprensa.

O projeto pretendia incluir na Constituição da Suíça o respeito pelos limites naturais do planeta, que seriam determinados cientificamente.

O governo federal, os partidos conservadores e os meios económicos opuseram-se firmemente a este texto e afirmaram que este referendo estava a pôr a economia em perigo ao ir longe demais, defendendo que os atuais planos para combater as alterações climáticas eram suficientes.

“Houve uma campanha de opositores resistentes a qualquer mudança”, denunciou Margot Chauderna, co-presidente do partido Jovens Verdes, na televisão pública RTS.

“A aceitação teria sido uma oportunidade para o parlamento procurar novas ideias para ligar a ecologia e a acessibilidade social”, sublinhou Chauderna.

Da parte dos partidos de centro-direita, foi saudada a vitória do “não”, com a justificação de que “os requisitos e os prazos impostos eram demasiado restritivos e corriam o risco de ter graves repercussões na economia e na sociedade”.

Antes das eleições, a UDC – União Democrática do Centro, partido político da Suíça ideologicamente conservador e economicamente liberal, avisou: “Esta iniciativa é perigosa, porque resultaria num aumento muito significativo dos preços ou mesmo numa redução da diversidade da oferta em áreas tão variadas como a alimentação, a habitação, a mobilidade e até o vestuário”.

“Em síntese, destruiríamos a prosperidade da Suíça, com um nível económico semelhante ao de países como o Afeganistão, o Haiti ou Madagáscar”, afirmou Nicolas Kolly, responsável eleito da UDC.