Super Dragões terão criado "call center" para venda ilegal de bilhetes para jogos do FC Porto

Família de Fernando Madureira, atualmente detido, é suspeita de liderar esquema de venda de bilhetes em conluio com funcionários ligados ao FC Porto. Autoridades fizeram buscas este fim de semana, tendo apreendido “milhares de bilhetes”.
Super Dragões terão criado
MÁRIO CRUZ/LUSA

Após a detenção de Fernando Madureira, líder dos Super Dragões (SD), no decurso da Operação Pretoriano, uma das suas filhas, Catarina, terá assumido a venda ilegal de bilhética da claque do FC Porto, chegando mesmo a criar um "call center" para receber pedidos e pagamentos feitos através de MB Way.

Esta é a informação avançada hoje pelo Jornal de Notícias, que cita dados da investigação denominada Bilhete Dourado. A operação, que investiga a transação de bilhetes para jogos do FC Porto vendidos no mercado ‘negro’, foi levada a cabo este domingo por “algumas dezenas de agentes” da PSP do Porto, da investigação criminal, da unidade especial da polícia, equipas de intervenção rápida e outras valências.

O Ministério Público (MP) suspeita de “conluio” entre funcionários ligados ao FC Porto e uma empresa associada e membros dos Super Dragões na aquisição de bilhetes para jogos de futebol depois vendidos no ‘mercado negro’. “De toda a prova reunida até ao momento e devidamente documentada não existem dúvidas de que são várias as pessoas com lucros consideráveis referente à venda irregular de bilhetes, o que lesa claramente o FC Porto, e o Estado, o que é ‘conhecido e aceite’ no seio do clube como moeda de troca pelo apoio da claque”, pode ler-se nos mandados de busca e no inquérito a que a Lusa teve acesso.

De acordo com o JN, o Ministério Público suspeita que a Porto Comercial funcionasse como um entreposto para canalizar bilhetes para os SD. A filha do casal de Fernando e Sandra Madureira, Catarina, chegou a ser vigiada a vender bilhetes de uso destinado à claque. Como explica o jornal, estes ingressos são destinados aos membros dos SD, mas podem ser vendidos a qualquer pessoa que os queira comprar, com os preços a variarem consoante o grau de importância do jogo.

Para facilitar a venda, os SD terão criado uma linha de atendimento através de um grupo de WhatsApp que contava até com um código MB Way para permitir o pagamento dos bilhetes, enviados em formato digital. No entanto, o MP não suspeita apenas de bilhetes destinados à claque. O JN escreve também que ingressos reservados a funcionários do F. C. Porto e inutilizados terão sido vendidos em dias de jogos, tal como "bilhetes-convite".

Foram efetuadas buscas à Porto Comercial, sociedade pertencente ao universo empresarial do FC Porto, e à loja do associado do clube. O JN adianta também que as autoridades foram a casa de uma dezena de suspeitos. A operação policial fez 13 arguidos, além da apreensão de “milhares de bilhetes”, enquanto ainda estão a ser contabilizadas as quantias monetárias apreendidas.

Segundo o diário, entre os arguidos estão familiares de Fernando Madureira, também conhecido como "Macaco Líder", assim como o ainda administrador da Porto Estádio Alípio Jorge, também responsável pelas casas do clube, e Rui Portovedo Lousa, da Porto Comercial.

“O FC Porto informa que estão a decorrer buscas numa das [sociedades] participadas do Grupo, a Porto Comercial, e na loja do Associado no Estádio do Dragão, e desde já se compromete a prestar todo e qualquer apoio às autoridades no desenrolar das suas diligências”, indicou a recém-empossada direção de André Villas-Boas, em comunicado. As buscas ocorreram horas antes de o FC Porto receber o ‘vizinho’ Boavista.

Fonte da PSP referiu que as buscas servem para dar “cumprimento a vários mandados judiciais” e estão a ser feitas “com o apoio de diversas valências policiais”.

A Operação Pretoriano investiga os incidentes ocorridos na Assembleia Geral (AG) do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, sustentando o Ministério Público que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo”, para que fosse aprovada a revisão estatutária “do interesse” da então direção ‘azul e branca’, liderada por Pinto da Costa.

Em 31 de janeiro deste ano, a PSP deteve 12 pessoas - incluindo dois funcionários do FC Porto e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, que continua em prisão preventiva, juntamente com Hugo Carneiro.

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