Após a detenção de Fernando Madureira, líder dos Super Dragões (SD), no decurso da Operação Pretoriano, uma das suas filhas, Catarina, terá assumido a venda ilegal de bilhética da claque do FC Porto, chegando mesmo a criar um "call center" para receber pedidos e pagamentos feitos através de MB Way.
Esta é a informação avançada hoje pelo Jornal de Notícias, que cita dados da investigação denominada Bilhete Dourado. A operação, que investiga a transação de bilhetes para jogos do FC Porto vendidos no mercado ‘negro’, foi levada a cabo este domingo por “algumas dezenas de agentes” da PSP do Porto, da investigação criminal, da unidade especial da polícia, equipas de intervenção rápida e outras valências.
O Ministério Público (MP) suspeita de “conluio” entre funcionários ligados ao FC Porto e uma empresa associada e membros dos Super Dragões na aquisição de bilhetes para jogos de futebol depois vendidos no ‘mercado negro’. “De toda a prova reunida até ao momento e devidamente documentada não existem dúvidas de que são várias as pessoas com lucros consideráveis referente à venda irregular de bilhetes, o que lesa claramente o FC Porto, e o Estado, o que é ‘conhecido e aceite’ no seio do clube como moeda de troca pelo apoio da claque”, pode ler-se nos mandados de busca e no inquérito a que a Lusa teve acesso.
De acordo com o JN, o Ministério Público suspeita que a Porto Comercial funcionasse como um entreposto para canalizar bilhetes para os SD. A filha do casal de Fernando e Sandra Madureira, Catarina, chegou a ser vigiada a vender bilhetes de uso destinado à claque. Como explica o jornal, estes ingressos são destinados aos membros dos SD, mas podem ser vendidos a qualquer pessoa que os queira comprar, com os preços a variarem consoante o grau de importância do jogo.
Para facilitar a venda, os SD terão criado uma linha de atendimento através de um grupo de WhatsApp que contava até com um código MB Way para permitir o pagamento dos bilhetes, enviados em formato digital. No entanto, o MP não suspeita apenas de bilhetes destinados à claque. O JN escreve também que ingressos reservados a funcionários do F. C. Porto e inutilizados terão sido vendidos em dias de jogos, tal como "bilhetes-convite".
Foram efetuadas buscas à Porto Comercial, sociedade pertencente ao universo empresarial do FC Porto, e à loja do associado do clube. O JN adianta também que as autoridades foram a casa de uma dezena de suspeitos. A operação policial fez 13 arguidos, além da apreensão de “milhares de bilhetes”, enquanto ainda estão a ser contabilizadas as quantias monetárias apreendidas.
Segundo o diário, entre os arguidos estão familiares de Fernando Madureira, também conhecido como "Macaco Líder", assim como o ainda administrador da Porto Estádio Alípio Jorge, também responsável pelas casas do clube, e Rui Portovedo Lousa, da Porto Comercial.
“O FC Porto informa que estão a decorrer buscas numa das [sociedades] participadas do Grupo, a Porto Comercial, e na loja do Associado no Estádio do Dragão, e desde já se compromete a prestar todo e qualquer apoio às autoridades no desenrolar das suas diligências”, indicou a recém-empossada direção de André Villas-Boas, em comunicado. As buscas ocorreram horas antes de o FC Porto receber o ‘vizinho’ Boavista.
Fonte da PSP referiu que as buscas servem para dar “cumprimento a vários mandados judiciais” e estão a ser feitas “com o apoio de diversas valências policiais”.
A Operação Pretoriano investiga os incidentes ocorridos na Assembleia Geral (AG) do FC Porto, em 13 de novembro de 2023, sustentando o Ministério Público que a claque Super Dragões pretendeu “criar um clima de intimidação e medo”, para que fosse aprovada a revisão estatutária “do interesse” da então direção ‘azul e branca’, liderada por Pinto da Costa.
Em 31 de janeiro deste ano, a PSP deteve 12 pessoas - incluindo dois funcionários do FC Porto e o líder dos Super Dragões, Fernando Madureira, que continua em prisão preventiva, juntamente com Hugo Carneiro.
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