Mas a grande preocupação da Organização Mundial da Saúde não são as mortes destas aves, mas sim o possível contágio destas. Há um estudo que sugere que o vírus da gripe aviária saltou de pássaros selvagens para animais como martas e sofreu mutações, começando a espalhar-se de mamífero para mamífero, escreve esta terça-feira o jornal espanhol El País, dando como exemplo quintas na Corunha, onde a transmissão para humanos só não aconteceu devido ao facto dos trabalhadores agrícolas estarem a usar máscaras.

Uma virologista holandesa Marion Koopmans, que traçou a origem da pandemia de covid para a Organização Mundial da Saúde (OMS), lançou mesmo um alerta nas suas redes sociais: “Estamos a brincar com fogo”.

De acordo com o estudo, as martas não só são suscetíveis à gripe aviária como à humana, pelo que podem servir de 'cobaia' a vírus que se misturam e tornam-se mais mortais. O vírus encontrado nestas é um com uma mutação semelhante à do vírus da gripe suína que causou uma pandemia em humanos em 2009.

"O pior pesadelo dos virologistas é o salto para os humanos de um vírus mortal da gripe. A Organização Mundial de Saúde já alertava em 2019, antes da covid, que o mundo não está preparado para uma pandemia de patógenos respiratórios virulentos e de transmissão rápida. A instituição alertou então que uma pandemia como a gripe de 1918 poderia matar hoje 80 milhões de pessoas", lê-se no El País.

Também a este jornal, a virologista Elisa Pérez, especialista em vírus emergentes, revelou a sua grande preocupação perante este surto em martas.

“É bem assustador. Na Europa nunca houve tal surto, houve apenas alguns casos descritos na China. Nunca tínhamos levado um susto tão grande”, disse, pedindo o encerramento deste tipo de quintas.

De acordo com dados recentes, existirão cerca de 3000 quintas de martas na União Europeia. Após o surto de covid-19 em algumas delas, em 2020, alguns países chegaram mesmo a decretar o encerramento das mesmas, como na Dinamarca e Holanda.