“Há uma relação fundamental e direta entre a libertação da Bielorrússia e a vitória da Ucrânia, bielorrussos e ucranianos estão a lutar contra o mesmo mal: a tirania e o imperialismo da Rússia”, sublinhou Tikhanovskaya, numa audiência no Comité Social e Económico Europeu (CESE).

A líder da oposição bielorrussa no exílio sustentou: “A nossa luta está interligada, a oportunidade para mudanças democráticas na Bielorrússia depende também da vitória da Ucrânia, e vice-versa”.

“Uma Bielorrússia democrática será a melhor ajuda para a Ucrânia e a sanção mais forte contra [o Presidente russo, Vladimir] Putin”, asseverou.

Tikhanovskaya, ameaçada pelo regime do Presidente bielorrusso, Alexandr Lukashenko, e cujo marido se encontra na prisão, lamentou que “às vezes pareça que a Bielorrússia é um problema que se resolverá noutra altura”.

“Muitas vezes oiço os políticos ocidentais dizerem: primeiro ajudamos a Ucrânia e depois ocupar-nos-emos da Bielorrússia. E essa é a escolha errada”, afirmou, argumentando que ela implica que prossigam “a tirania e a instabilidade no coração da Europa”.

“Advertimo-vos de que a Bielorrússia não deve ser o prémio de consolação de Putin. Esse caminho conduz ao desastre”, insistiu.

Tikhanovskaya considerou “absolutamente essencial” contar com as forças democráticas do seu país numa altura em que é necessário “repensar uma estrutura de segurança para a Europa” em fóruns internacionais.

“O caminho para a liberdade e a paz na Europa pode ser longo e difícil, mas percorramos juntos esse caminho”, declarou, pedindo que a Bielorrússia, cujas “autoridades ilegítimas” retiraram em 2021 o país da Associação Oriental, regresse a esse fórum, no qual se relacionam a União Europeia (UE) e várias ex-repúblicas soviéticas, classificando-o como “um instrumento fundamental para ajudar o povo bielorrusso”.

“Desde sempre sentimos que fazemos parte da Europa e vemos que dois países da Associação Oriental já têm estatuto de candidatos [à adesão à UE]”, acrescentou, referindo-se à Ucrânia e à Moldova.

Svetlana Tikhanovskaya recordou ainda que há cerca de 1.500 presos políticos no seu país e que, desde 2021, foram encerradas mais de 1.700 organizações não-governamentais (ONG) e associações civis.

Segundo a dirigente da oposição, as autoridades bielorrussas confiscaram na semana passada a casa da sua família, lamentando ainda: “E agora, voltaram a julgar o meu marido (Serguei Tikhanovski), inventando novos crimes para aumentar a sua sentença de 18 anos de prisão”.

“E isto aconteceu entre rumores difundidos pela propaganda estatal de que o meu marido tinha morrido. O regime está a fazer tudo o que é possível para derrubá-lo e pressionar-me”, frisou, assegurando que, “apesar de todas as tentativas, não conseguiram destruir” a sua resistência.

Em janeiro, o Alto Representante da UE para a Política Externa, Josep Borrell, condenou o início dos “julgamentos por razões políticas” na Bielorrússia contra Tikhanovskaya e mais três membros da sua plataforma da oposição.

Com a abertura desses processos judiciais, Borrell acusou o regime de Lukashenko de “abusar ainda mais do poder judicial com fins políticos” e lamentou que a repressão no país tenha atingido “um nível sem precedentes”.

A UE não reconhece legitimidade a Lukashenko, após as eleições presidenciais de agosto de 2020, considerando que ele nelas obteve a vitória de forma fraudulenta, e condenou a repressão de manifestantes pacíficos.