De acordo com a informação avançada pelo Jornal de Notícias, que cita fontes relacionadas com o processo, João Paulino entregou um requerimento ao Tribunal de Santarém onde se disponibiliza a devolver o material em falta do paiol de Tancos, alvo de um furto em 2017.

Segundo o mesmo jornal, o juiz deste tribunal, onde o caso irá ser julgado a partir de 3 de novembro, aceitou o requerimento e mandatou a Polícia Judiciária a recolher o restante armamento por devolver, consistindo este em granadas, munições e explosivos.

Recorde-se que o caso do furto das armas foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a Polícia Judiciária Militar (PJM), em colaboração com elementos da GNR de Loulé.

Esta operação de recuperação, porém, terá sido encenada pela PJM em coordenação com João Paulino, ex-fuzileiro, e terá alegadamente a conivência do ministro de Defesa de então, Azeredo Lopes, sendo que este caso levou-o justamente à sua demissão e constituição enquanto arguido no processo.

O processo de Tancos tem 23 acusados, incluindo o ex-ministro da Defesa, o ex-diretor nacional da Polícia Judiciária Militar (PJM) Luís Vieira, o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e o ex-fuzileiro João Paulino, que segundo o Ministério Público foi o mentor do furto, os quais respondem por um conjunto de crimes que vão desde terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação até falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

Azeredo Lopes está acusado dos crimes de denegação de justiça e prevaricação, favorecimento pessoal praticado por funcionário, abuso de poder e denegação de justiça, num processo que investigou o furto e a encenação do achamento do armamento furtado dos paióis de Tancos.

Nove dos arguidos são acusados de planear e executar o furto do material militar dos paióis nacionais e os restantes 14, entre os quais Azeredo Lopes, que se demitiu do cargo político no seguimento do processo, e os dois elementos da PJM, da encenação que esteve na base da recuperação do equipamento.

O Ministério Público tinha pedido que todos os arguidos fossem a julgamento nos exatos termos em que foram acusados e o juiz Carlos Alexandre concordou.