“Face às notícias de hoje sobre o chamado 'caso de Tancos', contactei o DCIAP, tendo manifestado, “com respeito pleno pela autonomia decisória da PGR [Procuradoria-Geral da República], a minha total e completa disponibilidade e interesse em ser ouvido pela investigação deste caso”, disse José Azeredo Lopes, numa declaração enviada à agência Lusa.

Na mesma declaração, o anterior ministro da Defesa acrescentou que reitera tudo o que afirmou “até à data” sobre aquele caso.

O Público e Correio da Manhã escrevem hoje que o tenente-general Martins Pereira, ex-chefe de gabinete do anterior ministro da Defesa, disse quarta-feira no interrogatório judicial ter informado Azeredo Lopes sobre o memorando da Polícia Judiciária Militar, que descreve uma operação de recuperação do material militar furtado em Tancos.

Na carta enviada ao primeiro-ministro no dia em que apresentou a demissão, 12 de outubro, Azeredo Lopes voltou a desmentir categoricamente que tenha tido conhecimento “direto ou indireto, sobre uma operação em que o encobrimento se terá destinado a proteger o, ou um dos autores do furto”.

Já no passado dia 4, em Bruxelas, Azeredo Lopes afirmou que “é totalmente falso” que tenha tido conhecimento de qualquer encobrimento neste processo.

“Não tive conhecimento de qualquer facto que me permitisse acreditar que terá havido um qualquer encobrimento na descoberta do material militar de Tancos”, declarou Azeredo Lopes, em Bruxelas.

No dia 4, e numa declaração à Lusa, o general Martins Pereira admitiu que recebeu em novembro o coronel Luís Vieira (ex-diretor da PJM) e o major Brazão, mas frisou que nunca “descortinou” qualquer "indicação de encobrimento de eventuais culpados do furto de Tancos".

Nessa declaração, Martins Pereira, que foi quarta-feira ouvido pelo juiz de instrução na qualidade de testemunha, não se referiu a qualquer documento da PJM.

O furto de material de guerra dos paióis de Tancos foi divulgado pelo Exército no dia 29 de junho de 2017. A 18 de outubro a PJM anunciou que recuperou o material furtado, sabendo-se depois que faltavam munições e que foi encontrada uma caixa a mais.

Em setembro passado, uma investigação do Ministério Público à recuperação do material furtado, designada Operação Húbris, levou à detenção para interrogatório de militares da PJM e da GNR e de um civil.

Na mesma altura, foi noticiado que a PJM terá montado uma operação de encenação da recuperação do material furtado, que dela terão dado conhecimento ao chefe de gabinete do então ministro da Defesa.

Dias depois da demissão de Azeredo Lopes, o Chefe do Estado-Maior do Exército, general Rovisco Duarte, também se demitiu, tendo sido substituído pelo general Nunes da Fonseca.

O inquérito tem 9 arguidos constituídos e está em segredo de justiça.

[Notícia atualizada às 14h54]