Em entrevista à TVI, António Costa voltou a recusar responsabilidades políticas do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, no furto de armas dos paióis de Tancos, no verão do ano passado, salientando que, quando foi comunicado ao Governo que existia um problema relativamente ao equipamento de segurança foi feito um despacho para o adquirir.

“Foi pena que o seu antecessor não tivesse adquirido esse equipamento de segurança, porque porventura já estaria a funcionar e o roubo não teria existido, mas mais vale tarde do que nunca”, criticou.

“Foi quando foi. E quem sabe se houve alguma coincidência entre a data em que o roubo aconteceu e o ter sido proferido o despacho onde se previa a existência desse material de vigilância”, admitiu.

Sobre o afastamento, hoje anunciado, do diretor da Polícia Judiciária Militar, António Costa defendeu que Luís Vieira “não se podia manter em funções quem está impedido de as exercer” por se encontrar em prisão preventiva, mas ressalvou que tal não significa antecipar qualquer juízo sobre o caso.

Na mesma entrevista, o primeiro-ministro relativizou o aumento das greves no final da legislatura, que salientou fazerem parte do regime democrático, e reiterou que o Governo irá avançar com um decreto-lei para contabilizar apenas 2 anos, 9 meses e 18 dias do tempo de serviço dos professores.

António Costa explicou que foi aplicado o mesmo critério a esta classe profissional – que tem escalões de progressão particulares – do que para as carreiras gerais dos restantes funcionários públicos, que foi permitir “a contabilização de 70% do módulo de progressão”.

“É aquilo que nos permite tratar a carreira dos professores rigorosamente em termos idênticos às restantes carreiras gerais”, defendeu.

Confrontado com sucessivas notícias de problemas na área da saúde, Costa salientou que, no total da legislatura, o Governo irá recuperar neste setor “os mil milhões de euros que tinham sido cortados pelo governo anterior”.

Para tal, defendeu, foram essenciais as poupanças de “1.400 milhões de euros por ano em serviço da dívida”, reiterando a importância de o país se manter “com contas certas”.

António Costa precisou que o Governo espera fechar 2018 com o défice que estava previsto, 0,7%, e que não prevê alterar no quadro macroeconómico o que já estava inscrito no Programa de Estabilidade para o próximo ano.

“Estamos a convergir com a União Europeia desde 2017, e é a primeira vez desde entrada do euro que convergimos, salientou.

Na entrevista à TVI, António Costa assegurou que o Orçamento do Estado para 2019 não será eleitoralista.

“Temos de assegurar a irreversibilidade de tudo aquilo que já conseguimos, não é por ser ano de eleições que vamos pôr em causa o princípio das contas certas”, apontou.

Questionado se o atual Governo não teme repetir erros dos anteriores executivos socialistas liderados por António Guterres e José Sócrates, o primeiro-ministro respondeu: “Temos procurado nunca dar um passo maior do que a perna para que nada disso volte a acontecer”.