Artur Pina Monteiro falava em São Bento no final de uma reunião com o primeiro-ministro, António Costa, na qual estiveram também presentes os chefes dos três ramos das Forças Armadas (Armada, Força Aérea e Exército) e o ministro da Defesa, Azeredo Lopes.

Para o CEMGFA, que falou antes do primeiro-ministro, o roubo de material militar em Tancos constituiu "um soco no estômago" para as Forças Armadas, mas salientou que a seguir a instituição militar "levantou a cabeça".

"Depois de termos levado um soco no estômago, os chefes militares levantaram logo a cabeça. Face ao que aconteceu [em Tancos], há lições a tirar. Há medidas que vão ser tomadas a curto e médio prazo", completou o general.

No entanto, Artur Pina Monteiro, por uma questão relativa ao necessário sigilo em matéria de segurança, recusou-se a especificar essas medidas.

"Não vamos facilitar quem possa ter intenções semelhantes àquelas que se verificaram [em Tancos]. Posso garantir que, da avaliação que é feita, pelos chefes dos ramos e por mim próprio, não caímos. Estamos direitos e prontos para continuar a garantir a confiança dos portugueses nas suas Forças Armadas", disse.

Segundo Artur Pina Monteiro, durante a reunião, os chefes dos diferentes ramos das Forças Armadas fizeram agora ao primeiro-ministro, António Costa, uma avaliação "muito mais detalhada sobre aquilo que aconteceu em Tancos, designadamente sobre o significado do material roubado e das condições que existem nas Forças Armadas quanto às instalações militares".

Neste ponto, o chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas procurou passar uma mensagem contrária a um eventual empolamento referente ao valor do material levado das instalações militares de Tancos.

"Depois de uma avaliação muito detalhada sobre as condições do material que foi roubado, importa referir que tem um valor de cerca de 34 mil euros. Só por si isto não significa que não tenha importância", ressalvou.

Ainda para tentar desdramatizar as consequências do roubo, Artur Pina Monteiro apontou como exemplo o facto de os lança-granadas foguete furtados, "provavelmente, não terem condições de serem usados com eficácia".

"Os lança-granadas foguete furtados estavam selecionados para serem abatidos. Portanto, o Exército avaliou tudo em detalhe - e esse, que é talvez o material que mais significado tem em termos de potencial de perigo, não tem afinal a relevância que se esperava", justificou o CEGFA.

Perante os jornalistas, o CEMGFA deixou mais um recado, sustentando a tese de que a segurança nacional não é um exclusivo dos militares.

"Os militares têm o exclusivo da segurança militar, mas a segurança nacional não pode ser exclusiva dos militares, porque só se consegue se todos partilhamos essa responsabilidade. A começar na mentalidade de segurança dos cidadãos e de quem, naturalmente, utiliza as câmaras para de alguma forma pôr em causa a segurança que todos nós queremos", concluiu.