À saída do interrogatório das três testemunhas arroladas pelo ex-ministro da defesa e arguido Azeredo Lopes, o seu advogado disse aos jornalistas que os inquiridos foram confrontados pelo juiz Carlos Alexandre com “factos muito concretos” da acusação.

“Não teve nada a ver com o achamento [das armas] porque disso nada sabem, foi só sobre o roubo, e as consequências a seguir para a imagem de Portugal”, disse Germano Marques da Silva.

Segundo o advogado, a intenção de chamar estas testemunhas era saber, dado que ocupavam funções oficiais quando se deu o furto, “o que se passou a seguir, o que sabiam ou não sabiam, e o que o ministro sabia ou não sabia”.

“Costuma-se dizer que pela boca morre o peixe, só disseram aquilo que sabiam e que tinham a dizer e o que lhes foi perguntado”, acrescentou.

O ex-chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas Pina Monteiro, do atual chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro e o antigo ex-embaixador de Portugal na NATO Almeida Sampaio prestaram depoimentos curtos e em menos de hora e meia a diligência desta fase de instrução estava terminada.

Para a sessão de terça-feira está previsto, no tribunal de Monsanto, o interrogatório do tenente general Martins Pereira, à data dos factos chefe de gabinete do antigo ministro da defesa.

Azeredo Lopes, que responde pelos crimes de prevaricação, abuso de poder, denegação de justiça e favorecimento de funcionário, alega que a acusação do Ministério Público é "eminentemente política" e sem provas, motivo pelo qual pediu a abertura da instrução.

Em sua defesa, o ex-ministro insiste que nunca foi informado sobre o alegado encobrimento da operação de recuperação do material de guerra furtado nos paióis de Tancos.

O processo tem 23 acusados, incluindo o ex-diretor nacional da Polícia Judiciária Militar (PJM) Luís Vieira, o ex-porta-voz da PJM Vasco Brazão e o ex-fuzileiro João Paulino, apontado como cabecilha do furto das armas, que respondem por um conjunto de crimes que incluem terrorismo, associação criminosa, denegação de justiça e prevaricação, falsificação de documentos, tráfico de influência, abuso de poder, recetação e detenção de arma proibida.

O caso do furto das armas em Tancos foi divulgado pelo Exército em 29 de junho de 2017 com a indicação de que ocorrera no dia anterior, tendo a alegada recuperação do material de guerra furtado ocorrido na região da Chamusca, Santarém, em outubro de 2017, numa operação que envolveu a PJM, em colaboração com elementos da GNR de Loulé.