O general adiantou que só teve conhecimento do furto pelo ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, no dia 29 de junho, quando o acompanhava numa reunião ministerial na NATO, em Bruxelas.
O general, que respondia aos deputados na comissão parlamentar de Defesa Nacional, referiu ainda que participou também numa reunião da Unidade Nacional contra o Terrorismo, da Polícia Judiciária, a convite da Secretária-geral de Segurança Interna, no dia 30 de junho, e que nessa reunião decidiu dar conhecimento do furto à NATO, através do circuito classificado.
"Desde que foi conhecido o material em causa que a avaliação do risco quanto ao seu possível emprego pelo crime organizado ou crime terrorista, que a situação era considerada grave e de risco elevado não só face ao conjunto de granadas e de diversos tipos de explosivos que existiam, mas também à existência de 44 lança-granadas foguete que faziam parte da lista", referiu.
"Desse material, apenas foi considerado não perigoso os 14 disparadores de tração lateral, inertes, e 30 granadas de mão que servem para instrução. Todo o restante material era assumido como estando ativo e operacional", sublinhou.
Pina Monteiro frisou depois que só teve conhecimento de que os 44 lança-granadas foguete "não estavam em condições de serem utilizados porque tinham sido selecionados para abate" na reunião de dia 11 de julho com o primeiro-ministro, António Costa, com o ministro da Defesa e chefes militares.
O general explicou que falou disso na conferência de imprensa que se seguiu à reunião porque considerou relevante, porque tinha feito inicialmente, na reunião com a Unidade Nacional Contra Terrorismo, "uma avaliação noutro sentido" e porque "publicamente era assumido que os lança-foguetes eram o material mais perigoso, alarmando bastante para além daquilo que seria razoável".
"Foi neste quadro que, no final da reunião com o primeiro-ministro, eu referi publicamente que provavelmente não poderiam ser utilizadas com eficácia porque estavam selecionadas para abate", disse.
Pina Monteiro recusou assim a ideia de que, após a reunião com o primeiro-ministro, António Costa, no dia 11 de julho, tivesse procurado "desvalorizar" o caso e sublinhou: "para mim desde o início que foi grave e continua a ser, não obstante ter sido identificado que os lança-granadas foguete não poderão ser utilizados com toda a sua eficácia".
"Foi isto apenas que eu disse", frisou.
No início da audição, o deputado do PSD Carlos Costa Neves questionou o general CEMGFA sobre aquela conferência de imprensa, afirmando que "foi um ponto de viragem" na perceção pública sobre o furto de material de guerra em Tancos.
Ao referir o valor do material roubado, 34,4 mil euros, e ao falar sobre a "provável incapacidade" de os lança-granadas foguete serem usados, o furto passou a ser percecionado como obra de "uns incapazes" e surgiu a ideia que o material roubado era obsoleto, considerou Costa Neves.
Questionado sobre a decisão do Chefe do Estado-Maior do Exército de exonerar cinco comandantes responsáveis pela segurança dos Paióis Nacionais de Tancos - entretanto renomeados - Pina Monteiro considerou que foi "um ato de comando" sobre o qual não faz "juízos de valor", adiantando que está solidário com o general Rovisco Duarte.
"O chefe do Estado-Maior do Exército não tinha instrumentos que pudesse, como comandante, tomar medidas ao abrigo do regulamento de disciplina militar, em tempo célere", disse.
Ainda sobre a análise que faz do furto de Tancos, Pina Monteiro referiu que em questões de segurança "tudo corre bem se nada acontece, depois, se acontece algo, parece que está tudo em causa e não está".
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