Em declarações à Lusa, o vice-presidente da bancada do PSD Afonso Oliveira salientou que terá de ser o Governo que sair das legislativas de 30 de janeiro a decidir sobre o futuro da companhia aérea e, ainda que considere “positivo” que Bruxelas tenha dado luz verde ao plano e diga que honrará os compromissos internacionais, não se comprometeu a “assinar de cruz”, se o PSD vencer as eleições.

“Não é claro nem para nós nem para ninguém se este plano resolve o problema de sustentabilidade da TAP e é para isso que temos de olhar. Um futuro Governo terá de olhar para esse plano e analisar se tem ou não essa capacidade de robustez. Sinceramente, temos muitas dúvidas sobre isso porque os planos feitos pelos governos do PS levam sempre a más soluções”, afirmou.

No entanto, Afonso Oliveira realçou que “o PSD é um partido responsável” e que, havendo um plano aprovado para a TAP, “irá analisá-lo e algum ajustamento que seja necessário”.

“O PSD claramente cumprirá os compromissos que há no plano internacional, mas tal obrigará a olhar para o plano porque para nós não fica claro que este plano resolva os problemas da TAP”, assegurou.

Na terça-feira, a Comissão Europeia aprovou o plano de reestruturação da TAP e a ajuda estatal de 2.550 milhões de euros, impondo, porém, algumas condições, entre elas que a companhia aérea disponibilize até 18 ‘slots’ por dia no aeroporto de Lisboa.

O vice-presidente da bancada do PSD salientou que a forma como o Governo do PS tratou o processo da TAP “é errado”, criticando quer a reversão da privatização da companhia aérea em 2016 “por pressão dos parceiros de esquerda”, quer, depois da crise provocada pela pandemia, “uma intervenção maximalista de apoios públicos por componentes ideológicas muito fortes”.

“Não seria esse o caminho que teríamos seguido”, afirmou.

O PSD, que tem sido muito crítico da injeção de dinheiros públicos na TAP sem certezas da viabilidade da companhia, realça que a Comissão Europeia “cria limitações máximas de apoio” à companhia aérea e obriga a empresa a sair de negócios que não fazem parte da sua atividade central, bem como à cedência de ‘slots’ a concorrentes.

“Sempre dissemos que havia muitas dificuldades na TAP, que qualquer solução para a TAP seria sempre difícil. Havendo este plano aprovado, há eleições a 30 de janeiro, o Governo a seguir é que terá de olhar para o plano e atuar sobre a TAP”, afirmou.

Para o deputado do PSD, “é preciso que haja clareza de objetivos, um plano robusto, que a TAP seja uma companhia que opera no plano internacional e também nacional”, reiterando críticas à forma de atuação da companhia nos aeroportos de Faro e do Porto.

O PSD, que sempre criticou a nacionalização da companhia, regista alterações no discurso do Governo, depois de o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, ter admitido que o futuro da empresa terá de passar pela inclusão “num grupo grande de aviação”.

“Foi sempre o que o PSD disse no passado, não alterámos em nada a nossa posição”, frisou Afonso Oliveira, insistindo que o Governo português poderia ter dado auxílios públicos à companhia na sequência da pandemia, como fizeram outros países, mesmo sem a ter nacionalizado.

“Houve uma obsessão absoluta pela intervenção pública, não tinha de ser assim”, acrescentou.

Afonso Oliveira realçou ainda que o Governo impôs condições na empresa como redução de trabalhadores e de salários, que é preciso perceber se se manterão a médio prazo.

“Só o futuro Governo é que terá de olhar para a TAP e ver se esse plano tem capacidade de a levar a bom porto (…) Terá de analisar, não assinamos de cruz”, insistiu, considerando que, neste momento, não é possível dizer mais.

No encerramento do Congresso do PSD no domingo, o presidente do PSD, Rui Rio, considerou que era impossível ser pior a gestão que o PS fez do processo da TAP, avisando que é “má solução” quer fechar quer manter a companhia aérea.