"A PSP está a levantar problemas que não fazem sentido. Nós discordamos e mantemos o mesmo itinerário. Declinamos qualquer responsabilidade do que venha a acontecer", afirmou aos jornalistas o presidente da Federação Portuguesa do Táxi, Carlos Ramos, após uma reunião com a PSP no Comando Metropolitano de Lisboa, em Moscavide (Loures).

Os taxistas pretendem que os carros vindos de norte vão ter à Rotunda do Relógio, em Lisboa, para depois se juntarem aos colegas no Parque das Nações, mas a polícia "quer desviá-los em Santa Iria da Azóia [no vizinho concelho de Loures] para o IC2 [itinerário complementar]", referiu o presidente da Associação Nacional dos Transportadores em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio Almeida.

Em relação às viaturas oriundas do sul, acrescentou, as associações definiram uma saída conjunta, com batedores, mas a PSP quer antes que se desloquem em "pequenos grupos de 10 ou 15 viaturas".

Por outro lado, os taxistas aceitaram a indicação policial de, na Baixa de Lisboa, vindos da Rua do Ouro, não passar na Rua do Arsenal, atualmente em obras, e ir ao Campo das Cebolas para se dirigirem ao Cais do Sodré, rumo à Assembleia da República, em S. Bento.

O presidente da ANTRAL ressalvou ainda que "os taxistas não estão contra as plataformas ‘online’" de transportes de passageiros, mas exigem "regras iguais para todos".

"Nós queremos a evolução do setor. Agora o que nós queremos são regras e lealdade no setor. Paz social nos transportes ocasionais de passageiros nunca irá existir se o Governo for com este projeto para a frente", alertou Florêncio Almeida, referindo-se à proposta governamental de regulamentação que está em cima da mesa.

Florêncio Almeida acusou ainda a comunicação social e alguns utilizadores de redes sociais de tentarem "denegrir" a imagem dos taxistas: "Querem passar para a opinião pública que somos uns arruaceiros. Não somos, nós somos pessoas de bem, chefes de família e queremos fazer uma manifestação ordeira e cívica".

De acordo com o responsável da ANTRAL, o protesto vai mobilizar "mais de seis mil" profissionais de todo o país.

Os taxistas do Porto vão concentrar-se às 03:00 no Castelo do Queijo e seguem em direção a Lisboa, passando por Fátima para agrupar os profissionais da região Centro. Já os taxistas do Algarve vão juntar-se às 03:30 e, depois, pelas 06:30, reunir-se-ão com os colegas da Margem Sul, no centro sul de Almada.

O protesto nacional inicia-se às 07:00 com uma concentração no Parque das Nações, seguindo depois, pelas 08:30, com as viaturas em desfile até à Assembleia da República.

Ao partir do Parque das Nações, o percurso inclui a Praça José Queirós, as avenidas Dr. Francisco Luís Gomes e de Berlim, o Aeroporto de Lisboa, a Rotunda do Relógio, as avenidas Almirante Gago Coutinho e Estados Unidos da América, o Campo Grande, a Avenida da República, o Saldanha, o Marquês de Pombal, os Restauradores, o Rossio, a Rua do Ouro, o Campo das Cebolas (em substituição da Rua do Arsenal), o Cais do Sodré, a Avenida 24 de Julho e as ruas D. Carlos I e de São Bento.

De acordo com as associações, os taxistas "permanecerão concentrados em frente à Assembleia da República até que a direção decida pôr fim à concentração".

O objetivo é contestar a atividade das plataformas ‘online' que permitem pedir carros descaracterizados de transporte de passageiros, com uma aplicação para ‘smartphones' que liga quem se quer deslocar a operadores de transporte. Em Portugal, operam a Uber e a Cabify.

O diploma proposto pelo Governo passa a exigir aos motoristas destas plataformas formação inicial no mínimo de 30 horas (os taxistas têm hoje 150 horas de formação) e um título de condução específico. Os carros não podem ter mais de sete anos, passam a ter de estar identificados com um dístico, terão de ter um seguro semelhante ao dos táxis e serão obrigados a emitir uma fatura eletrónica.

Além disso, não podem circular na faixa bus, não podem estacionar nas praças de táxi e só podem apanhar clientes que os tenham chamado através da aplicação.