"Neste momento em que o crescimento da pandemia nos impõe restrições agravadas, procurámos evitar que ao comércio fossem aplicadas essas restrições agravadas. Temos consciência de que o comércio sofre indiretamente de um conjunto de outras regras", começou por referir o primeiro-ministro.

António Costa falava no final de uma cerimónia de assinatura de acordos entre o Governo, a DECO (Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor) e entidades representativas do setor comercial e da distribuição para o alargamento do período de trocas de compras de Natal até 31 de janeiro e da época de promoções, tendo em vista evitar aglomerações nos estabelecimentos comerciais.

A título de exemplo, António Costa frisou que, com o teletrabalho, "há menos pessoas a circular na rua", pelo que "são menos pessoas a dirigirem-se espontaneamente às lojas para procederem a qualquer compra". Relativamente aos horários, o primeiro-ministro lembrou ainda que se está "a diminuir a possibilidade de o comércio poder vender".

"Não temos dúvidas de que, além das regras propriamente aplicadas ao comércio, o comércio tem sido dos setores mais afetados por esta crise. Por isso, queria dar aqui uma palavra de agradecimento a todos os comerciantes graças aos quais nunca nos faltou nada, mas também uma palavra de solidariedade para com o comércio, que sei que é dos setores económicos mais duramente atingidos por esta crise pandémica", apontou Costa.

O primeiro-ministro referiu ainda que "podem haver alternativas marginais" quanto às regras, mas "quanto ao essencial não há alternativa, porque aquilo que podemos ter por certo e seguro é que uma pessoa não se contagia nem contagia ninguém, mas duas pessoas já se podem contagiar ou ser contagiadas, três pessoas mais, quatro pessoas mais, cinco pessoas mais", apontou. "A única forma mesmo de controlar a pandemia é evitar os ajuntamentos, garantir o afastamento e cumprir as regras de segurança e de proteção individual", disse.

Neste sentido, António Costa lembrou que a "Campanha Natal 2020 – Compre cuidando de todos" é de "extrema importância", uma vez que "queremos ter Natal".

"Queremos ter um Natal tão parecido com o Natal que as nossas tradições nos foram ensinando a ter: com bacalhau ou com peru, com Consoada, com Missa do Galo ou sem Missa do Galo, cada um escolherá. Mas queremos manter o Natal, e faz parte das nossas tradições que o Natal seja um momento em que damos, de uma forma mais material ou mais simbólica", acentuou.

Lembrando que a quadra festiva é "um momento de compras", o primeiro-ministro disse que "para que tudo corra bem", é necessário "que evitemos as aglomerações". "Essa é a grande mensagem desta campanha: é ter mais tempo para comprar, mais tempo para trocar, para evitar as aglomerações", explicou.

"Esta é uma campanha que nos permite ir às compras em segurança, desde que as regras sejam cumpridas", acentuou.

Dada a situação pandémica, António Costa referiu ainda que, "com muita probabilidade, o senhor presidente da República vai propor o estado de emergência e a Assembleia da República vai autorizar a declaração".

"Seguramente em todos os concelhos que sejam de risco elevado vamos ter de continuar a viver com medidas que vão ser agravadas e vamos ter de nos habituar a esta situação", disse, apontando que "sempre que a pandemia o permitir as regras vão ser aliviadas e sempre que a pandemia o exigir as regras terão de ser agravadas".

"Se alguém nos perguntasse a todos qual era o presente que desejávamos ter no sapatinho, era seguramente uma vacina para a covid. Infelizmente, creio que é um desejo muito difícil — para não dizer impossível — de realizar no Natal deste ano. Mas há uma coisa que nós sabemos: o controlar a pandemia depende exclusivamente de nós; tratar da infeção ou de quem está doente depende dos excepcionais profissionais de saúde que nós temos, mas não depende deles evitar que a pandemia se propague, porque não são eles que controlam a transmissão", apontou.

No final das declarações, o primeiro-ministro aproveitou ainda para desejar "um bom Natal" e dizer "que o Governo tem bem consciência das dificuldades", pelo que amanhã o Conselho de Ministros "irá aprovar um novo conjunto de medidas de apoio à atividade económica e às pequenas e micro e médias empresas, que estão a ter um esforço muito grande e um custo muito grande" para controlar a pandemia.

"Esta é mesmo daquelas situações em que todos somos poucos para nos ajudarmos uns aos outros, para poder vencer esta pandemia", rematou, reforçando que, no combate à propagação do novo coronavírus, "não se pode matar a atividade económica, os empregos, o rendimento das famílias e dos empresários".