“Eu espero, sinceramente, e isso depende de todos nós, não é só dos dirigentes ou militantes do PS, do PCP, do Bloco ou do PEV, (…) que é preciso haver uma mudança que respeite a maioria do povo: temos a obrigação de garantir que essa experiência não foi um mero parêntese na história da democracia portuguesa”, defendeu Pedro Nuno Santos.
“O pior que podia acontecer era nós chegarmos a 2019, e depois desta grande vitória [da esquerda] que foi 2015, revelássemos ao país que era apenas um parêntese na história da nossa democracia, esse é o meu maior receio”, reforçou.
O governante, que falava no Porto, lembrou que em 2015 as esquerdas conseguiram acabar com a hegemonia das alianças que a direita tinha em Portugal, algo que têm obrigação de manter em 2019.
“Todos tinham e todos continuamos a ter em 2019 a obrigação de nos entendermos, de conseguir que a nossas diferenças se preservem, porque elas não são um sinal de fraqueza, são sim um sinal da força que a esquerda tem”, afirmou, salientando que este ano termina esta “grande experiência” das esquerdas que pela primeira vez conseguiram “ultrapassar muros e trabalhar em conjunto”.
Durante anos, refere Pedro Nuno Santos, “tentaram fazer os portugueses acreditar que não era possível viver melhor, mas, contrariamente ao que diziam, o Governo conseguiu provar, nestes três anos, que não só os portugueses têm o direito de viver melhor, como é mesmo possível viver melhor em Portugal”.
O secretário de estados dos Assuntos Parlamentares admitiu que a situação de Portugal no contexto europeu é particular, face à proliferação dos partidos de extrema direita, já a que a nível nacional a esquerda continua à frente nas sondagens.
Ainda assim, considera, é tempo é de avançar como uma “ofensiva”.
“Chegámos ao ponto limite em que a extrema direita está a avançar e há muita esquerda que não percebeu patavina do que está a acontecer”, sublinhou, defendendo que é necessário esta situação de exceção em Portugal, por forma a evitar uma reversão.
O governante falava no jantar comemorativo do 31 de janeiro de 1891 organizado pela ‘Porto com Norte – Fórum de Cidadania’ naquela cidade, no qual também participou o ‘Capitão de Abril’, o general Pedro Pezarat Correia, que defendeu que o fenómeno do populismo que está a proliferar na Europa também já chegou a Portugal.
“O populismo já está aqui”, afirmou Pezarat Correia, referindo-se ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Confesso que me senti incomodado quando o Presidente deixou em aberto que poderia vetar a nova lei de Bases da Saúde se apenas for aprovada à esquerda, quando ele sabe que a atual lei de bases foi aprovada apenas por uma maioria de direita”, acrescentou.
A Revolta de 31 de janeiro de 1891 foi o primeiro movimento revolucionário que teve por objetivo a implantação do regime republicano em Portugal. A revolta teve lugar na cidade do Porto.
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