"Grande parte do leste dos Estados Unidos permanecerá congelada até segunda-feira, antes que se estabeleça uma tendência de moderação na terça", afirmou o NWS no seu último boletim.

Em Buffalo, a oeste de Nova Iorque, uma tempestade de neve deixou a cidade à deriva, e os serviços de emergência enfrentam dificuldades para chegar às áreas mais afetadas.

"É como ir para uma zona de guerra", comparou a governadora de Nova Iorque, Kathy Hochul, natural de Buffalo, onde a neve chegou a 2,4 metros e houve apagões.

Na noite de ontem, alertou que os moradores ainda enfrentam uma "situação perigosa, com risco de vida", e pediu a todos que permaneçam em casa.

Mais de 200.000 pessoas em vários estados da região leste despertaram sem energia elétrica na manhã de Natal. Muitas outras tiveram os seus planos de viagem alterados, embora a intensa tempestade — prevista para durar cinco dias — tenha mostrado sinais de alívio.

O clima extremo provocou temperaturas abaixo de zero em 48 dos 50 estados americanos no fim de semana, deixou viajantes presos, devido aos milhares de voos cancelados, e isolou moradores em casas cobertas de gelo e neve.

Pelo menos 48 mortes relacionadas às condições climáticas foram confirmadas em nove estados, incluindo 27 em Buffalo, Nova Iorque. As autoridades advertem que o número deve aumentar.

Na região de Buffalo, propensa à neve, as autoridades relataram condições historicamente perigosas, com horas de apagões e corpos encontrados em veículos e sob bancos de neve. Os trabalhadores de emergência continuam as tarefas de resgate.

O aeroporto internacional da cidade vai permanecer fechado até terça-feira, e uma proibição de conduzir permanece em vigor para todo o condado de Erie, onde está localizada a metrópole, Buffalo.

"Agora temos algo que será falado não apenas hoje, mas durante gerações como a tempestade de neve de 22", disse Hochul, acrescentando que a sua brutalidade superou a da anterior tormenta de neve histórica da região, a de 1977, na "intensidade, duração e ferocidade dos ventos".

Mais voos cancelados

O NWS tinha advertido, anteriormente, que os nevões na região dos Grandes Lagos, no oeste de Nova Iorque, continuariam no domingo, com "acumulação de neve" de quase um metro e meio.

Um casal em Buffalo, do outro lado da fronteira com o Canadá, disse à AFP no sábado que, com as estradas completamente intransitáveis, não fariam a viagem de 10 minutos para ver a sua família no Natal.

"É difícil, porque as condições são muito más (...) Muitos departamentos de bombeiros nem enviam camiões para responder às chamadas", disse Rebecca Bortolin, de 40 anos.

A tempestade provocou o cancelamento de quase 3.000 voos no domingo, além de cerca de 3.500 no sábado e quase 6.000 na sexta-feira, segundo o site especializado FlightAware. E, nesta segunda-feira, mais cerca de mil voos foram cancelados, acrescentou o site.

Os aeroportos mais afetados foram os de Atlanta, Chicago, Denver, Detroit e Nova York.

O gelo nas estradas também levou ao encerramento temporário de algumas das vias mais movimentadas do país, incluindo a Interestadual 70, que atravessa boa parte dos Estados Unidos de leste a oeste.

O clima extremo afetou severamente as redes elétricas, com vários fornecedores de energia a pedir à população que reduza o uso para minimizar os apagões em lugares como Carolina do Norte e Tennessee.

Num determinado momento no sábado, quase 1,7 milhões de clientes em todo país ficaram sem energia, de acordo com Poweroutage.us. Esse número caiu substancialmente na noite de domingo, embora mais de 50.000 utilizadores nos estados do leste ainda estivessem sem energia.

O Canadá também foi afetado pela tempestade, e todas as províncias tinham alertas meteorológicos. Acredita-se que um acidente de autocarro na Colúmbia Britânica no fim de semana, com quatro mortos e 53 feridos, tenha sido causado pelo gelo nas estradas.

Centenas de milhares de pessoas ficaram sem energia em Ontário e no Québec, e os aeroportos de Vancouver, Toronto e Montreal tiveram voos cancelados.