Em declarações à Lusa, um responsável da Helenos, S.A., empresa da Figueira da Foz que presta serviços elétricos à EDP e que não quis ser identificado, disse que os 100 geradores foram instalados na Figueira da Foz, Montemor-o-Velho e Soure, os três mais afetados pela tempestade Leslie, mas também em Cantanhede e Mira, todos concelhos do distrito de Coimbra.

"Ainda restam 14 ou 15 geradores porque o resto já tem energia da rede", afirmou.

O mesmo responsável da empresa adiantou que em alguns dos geradores instalados pela sua empresa, nomeadamente num na localidade de Amieira, concelho de Soure "e não sei se em mais um ou dois", desconhecidos aproveitaram para furtar gasóleo durante as noites em que aqueles equipamentos estiveram em funcionamento.

"Roubam-nos o gasóleo, as pessoas [nas habitações] estão alimentadas e voltam outra vez a não ter energia", lamentou.

A mesma fonte explicou que os geradores alimentam os quadros de baixa tensão dos postos de transformação, substituindo os transformadores dessas infraestruturas que recebem energia de linhas de média tensão, muitas das quais foram danificadas pela tempestade do passado sábado.

Estes postos de transformação ligam, depois, a uma linha principal que, por sua vez, fornece energia às habitações.

"Neste momento não há nenhum PT [posto de transformação] por alimentar, todas as aldeias têm energia. Poderá haver e há ainda muitas pessoas sem energia porque as baixadas delas [que ligam às casas] estão caídas e os cabos que ainda estão cortados", esclareceu.

"São só os eletricistas a fazer o trabalho todo, porque não há Proteção Civil em lado nenhum, não encontrei. Na primeira noite andei eu com um empregado meu de motosserra a cortar [árvores] aqui na nacional [109, que liga Aveiro à Figueira da Foz] e vi só um carro de bombeiros. Para ir reparar as linhas, nós é que temos de tirar os pinheiros e as árvores dos caminhos, porque deviam ser os bombeiros e a Proteção Civil e o Exército, mas eletricistas é que têm de fazer o trabalho desta gente toda", enfatizou.

No caso do concelho da Figueira da Foz, o comandante interino dos Bombeiros Municipais e da Proteção Civil, Jorge Piedade, desmentiu esta informação, alegando que as autoridades, sempre que solicitadas para o efeito, disponibilizaram meios aos eletricistas para cortar árvores e fazer outros trabalhos.

Os prejuízos causados pela tempestade Leslie na região Centro ultrapassam os 80 milhões de euros, de acordo com os dados preliminares avançados pelas câmaras municipais mais afetadas.

O município da Figueira da Foz, aquele onde os prejuízos estimados são mais elevados, ultrapassando os 32 milhões de euros, foi referenciado como o ponto de entrada em terra da tempestade Leslie e registou, no sábado à noite, uma rajada de vento que atingiu cerca de 176 quilómetros por hora, valor mais elevado registado em Portugal.

Na quarta-feira ao final do dia, a EDP Distribuição estimou que o número de habitações sem energia no país se situava abaixo das duas mil.