O Hezbollah, aliado do movimento islamista palestiniano Hamas, no poder em Gaza, anunciou ter bombardeado o norte de Israel em retaliação pela morte de um dos seus combatentes num ataque israelita.
O Exército israelita confirmou ter "eliminado" um comandante do Hezbollah num "bombardeamento direcionado" e também bombardeou uma base de "lançamento de mísseis terra-ar" do movimento libanês financiado pelo Irão.
O chefe do Hezbollah, Hasan Nasrallah, alertou na quarta-feira que "nenhum lugar" em Israel estaria a salvo dos seus mísseis se o governo israelita abrisse uma nova frente na sua fronteira norte. Por seu lado, o líder do Exército israelita, general Herzi Halevi, afirmou que o seu país tem "capacidades infinitamente superiores" às do Hezbollah.
A fronteira entre Israel e Líbano é cenário de confrontos de artilharia quase diários desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em 7 de outubro.
O Exército israelita anunciou na terça-feira que tinha uma "ofensiva" preparada contra o Hezbollah após semanas de intensificação da troca de tiros dos dois lados da fronteira. "O inimigo sabe muito bem que nos preparamos para o pior [...] e que não haverá nenhum lugar [...] a salvo dos nossos mísseis", declarou o líder do Hezbollah na quarta-feira. Em reação, o ministro dos Negócios Estrangeiros do país, Israel Katz, ameaçou destruir o Hezbollah numa "guerra total".
Nasrallah também fez ameaças ao Chipre, afirmando que o país do Mediterrâneo e membro da União Europeia seria considerado como "parte da guerra" se autorizasse Israel a usar os seus aeroportos e bases para atacar o Líbano. "A República do Chipre não está envolvida de forma alguma nesta guerra", declarou o presidente cipriota, Nikos Christodoulides, em comunicado.
Mais de oito meses de violência entre o Hezbollah e o Exército israelita na fronteira deixaram pelo menos 479 mortos no Líbano, a maioria deles combatentes do Hezbollah, e 93 civis, segundo uma contagem da AFP. Do lado israelita, pelo menos 15 soldados e 11 civis morreram, segundo Israel.
A ofensiva israelita não dá tréguas na Faixa de Gaza, estreito território com 2,4 milhões de habitantes, devastado por mais de oito meses de guerra.
No campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, duas pessoas morreram em um bombardeamento, indicaram fontes médicas nesta quinta-feira.
Testemunhas relataram disparos de tanques israelitas em Zeitun, um bairro da Cidade de Gaza, no norte do território, e nos campos de Bureij e Maghazi.
Em Rafah, no extremo sul de Gaza, há confrontos entre soldados israelitas e combatentes palestinianos, disse uma fonte do braço armado do Hamas.
A guerra começou em 7 de outubro, quando combatentes islamistas mataram 1.194 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelitas. O Exército israelita afirma que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, incluindo 41 que terão morrido.
Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que deixou pelo menos 37.431 mortos em Gaza, também civis na maioria, segundo o Ministério da Saúde do território palestiniano.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, enfrenta uma onda de críticas internas e externas pela sua gestão da guerra e por não ter conseguido libertar os reféns. Mas o chefe de Governo, que lidera uma coligação de forças nacionalistas, ultraconservadoras e do judaísmo ortodoxo, afirma que vai prosseguir com a guerra até "aniquilar" o Hamas, considerado uma organização "terrorista" por Israel, União Europeia (UE) e Estados Unidos.
Um emissário do presidente americano, Joe Biden, Amos Hochstein, que visitou Israel e Líbano esta semana, afirmou que é "urgente" diminuir a tensão na fronteira e defendeu o plano de trégua para a Faixa de Gaza apresentado em 31 de maio por Biden.
A relação entre Biden e Netanyahu tem sido conturbada. A Casa Branca classificou, nesta quinta-feira, de "profundamente decepcionantes e certamente ofensivas" as declarações do primeiro-ministro israelita sobre os atrasos na entrega de ajuda militar americana.
"Estou disposto a sofrer ataques pessoais sempre que Israel receber dos Estados Unidos os equipamentos de que necessita na guerra pela sua existência", afirmou Netanyahu em comunicado nesta quinta-feira.
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