De acordo com a TIME, o Annenberg Public Policy Center, da Universidade da Pensilvânia, realizou um estudo junto de 840 cidadãos norte-americanos adultos, com o objetivo de perceber de que forma as crenças dessas mesmas pessoas em relação à pandemia mudam de acordo com o tempo e podem ter impacto nas suas ações.

O estudo, que funcionou como um questionário efetuado em dois momentos – março e julho deste ano –, descobriu que não só as teorias da conspiração à volta da pandemia são uma crença comum, como essa mesma crença tem aumentado com o passar do tempo.

Mas vamos a números.

Em março, 28% dos inquiridos acreditava que o governo chinês teria criado o novo coronavírus como uma arma bioquímica, sendo que em julho esse número subiu para 37%. Por outro lado, 24% das pessoas acreditou que o Centro de Prevenção de Doenças dos EUA exagerou na análise da perigosidade do vírus com o objetivo de prejudicar a imagem do presidente norte-americano, Donald Trump, sendo que em julho esse número cresceu para 32%. Adicionalmente, 15% dos inquiridos acreditava, em março, que o vírus teria sido criado pela indústria farmacêutica com o objetivo de aumentar receitas com a venda de medicamentos e vacinas, tendo esse número subido para 17% em julho.

Que consequências têm estas crenças para o comportamento das pessoas relativamente à pandemia? Pois bem, o estudo descobriu que apenas 62% das pessoas que acredita nestas teorias utiliza máscara perto de outras pessoas, o que contrasta com os 95% de pessoas que não acreditam nas mesmas teorias e que admitem usar máscara.

Além disso, os crentes nas teorias de conspiração à volta da covid-19 eram, em março, 2.2 vezes menos propícios a querer receber a vacina (em comparação com os não-crentes, por assim dizer), número que subiu para 3.5 vezes em julho.

Dan Romer, o diretor do Annenberg Public Policy Center e co-autor do estudo, conclui que “a crença em teorias da conspiração parece ser um obstáculo para minimizar a dispersão do vírus”.

O estudo revela ainda que estas teorias da conspiração têm como crentes pessoas que utilizam muito as redes sociais e que são espetadores de órgãos de comunicação sociais americanos com maior ligação aos conservadores, como o canal de televisão Fox News, por exemplo. Em sentido inverso, pessoas que seguem outros canais de televisão terão uma maior probabilidade de seguir as instruções das autoridades de saúde americana no que diz respeito à pandemia e de quererem ser vacinados.

Os mesmos investigadores consideram ainda que, não obstante estarem identificados os locais onde estas teorias são disseminadas, continua a ser desafiante fazer os seus “crentes” mudarem de opinião. Adicionalmente, a TIME revela que outros estudos sugere que o ato de simplesmente tentar corrigir informação falsa não funciona e poderá até causar uma crença maior nestas teorias.

Kathleen Hall Jamieson, também diretora do Annenberg Public Policy Center e co-autora do estudo acerca do tema, refere que “as teorias de conspiração são difíceis de desmontar porque oferecem explicação para eventos que não estão ainda totalmente explicados, como é o caso da pandemia, para além de aumentarem a descrença das pessoas nas autoridades”, revelando ainda que estas teorias tende a envolver “acusações cujos factos não podem ser facilmente verificados”.