Na quinta-feira, a deputada Teresa Morais levantou a questão do “silenciamento” a que considera terem sido votados muitos dos deputados da bancada, que não são chamados a intervir em nome do partido, questionando o sentido de tal estratégia, “sobretudo num ano eleitoral, em que o partido precisa de todos”.
Num artigo de opinião publicado no jornal Público a antiga vice-presidente da bancada social-democrata, questiona se será aceitável que “o maior grupo parlamentar português tenha a maioria dos seus deputados arredados do combate político” e quais são os objetivos.
“É que nem os esforços, que reconheço, do líder parlamentar, que avaliará a falta que muitos lhe fazem para a luta política que dirige, conseguem furar o bloqueio imposto pela direção, em que parece haver gente cuja única tarefa, já que ninguém lhes vê outra, é vetar nomes e garantir a invisibilidade de algumas pessoas”, sublinhou.
No entendimento de Teresa Morais, a resposta parece estar na "obsessão de garantir que a tese de conspiração vencerá e justificará que muitos sejam ‘dispensados’ no final da legislatura, teoria coadjuvada pelo silenciamento dos deputados, que conduza ao seu apagão”.
A antiga vice-presidente da bancada do PSD salientou que sempre respeitou o cumprimento dos mandatos dos presidentes dos partidos, mesmo quando não se revia na estratégia ou forma de estar de quem liderava.
“O voto democrático dos militantes dá-lhes esse direito. Mas também cedo aprendi com uma admirável militante do PSD que nunca se entrega o cartão. ‘Os líderes passam. Nós ficamos’, disse-me um dia Leonor Beleza”, destacou.
No artigo, Teresa Morais destacou o seu percurso no partido, salientando que nunca pediu lugares.
“Nunca deixei de dizer o que pensava com receio de perder lugares. Nunca acocorei perante ninguém para manter lugares. Foi sempre do partido a iniciativa de me procurar. Portanto, desculparão os que estão interessados em fomentar uma teoria de conspiração – esperando que ela os venha ilibar de um eventual desaire eleitoral, legitimando o discurso de vitimização -, mas não podem, ou seguramente, não devem lançar calúnias sobre toda a gente”, frisou.
De acordo com Teresa Morais, “há quem não se esmifre por ‘lugarzinhos’, há quem não conspire para manter ‘lugarzinhos’, há quem simplesmente queira trabalhar porque foi para isso que foi eleito”.
Na opinião da deputada, existe no partido um “lastro de fontes próximas da direção que insistem na ideia de que há no grupo parlamentar uma conspiração latente, destinada a desgastar a liderança”.
“Se há, não a conheço. Não faço parte dela. Conspirar não bate certo com a minha natureza. O que quis dizer ao presidente do partido disse-o, olhos nos olhos, na primeira e única reunião do grupo parlamentar em que até hoje participou. Por isso, escusam de se afanar a fazer listas de nomes de ‘opositores’ que não o são, e de alegados ‘críticos’ que estão simplesmente calados, no seu posto, preparados para trabalhar. É a única coisa que querem. Trabalhar. Se não pelo líder que os repudia, pelo partido, que especialmente em ano pré-eleitoral precisa, com certeza, de todos”, salientou.
Na quinta-feira, o presidente do PSD, Rui Rio, recusou comentar o alegado silenciamento de deputados, dizendo que foi eleito "para gerir o PSD e fazer oposição ao Governo", e que aquilo que o incomoda "é a situação do país".
"Isso é que é a notícia do dia? Não. Não tenho nada a comentar sobre isso. Eu fui eleito presidente do PSD, para gerir o PSD e fazer oposição ao Governo, não é para fazer comentários desses", disse Rui Rio aos jornalistas, na Guarda, onde foi confrontado com o assunto.
Também o líder parlamentar do PSD, Fernando Negrão, rejeitou que algum deputado do PSD tenha sido silenciado por si ou por instruções da direção, salientando ser natural que os protagonistas mudem quando a liderança do partido muda.
"Nunca silenciámos nenhum deputado e nunca recebemos qualquer instrução da direção do partido no sentido de silenciar o deputado A ou B", assegurou Fernando Negrão, questionado pelos jornalistas à porta do grupo parlamentar do PSD.
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