"Mário Soares é certamente o rosto mais conhecido do regime democrático nascido a 25 de Abril de 1974", refere Leonel Gouveia (PS), que lidera o executivo camarário da terra natal da figura maior do Estado Novo, António de Oliveira Salazar.
No voto de pesar que foi aprovado por unanimidade pode ler-se que Mário Soares "está longe de ser um gerador de consensos, como só acontece a políticos audazes capazes de fazer escolhas difíceis e fazer história".
"Dificilmente outro político português marcou tanto a vida nacional como o homem que fundou o Partido Socialista, lutou contra a ditadura, liderou por duas vezes o Governo da Nação, foi ministro dos Negócios Estrangeiros, eurodeputado e Presidente da República durante dez anos", acrescenta.
O documento sublinha que Mário Soares foi "ativo apoiante das candidaturas presidenciais de Norton de Matos e Humberto Delgado, defensor de presos políticos" e que "foi sempre um adversário temido pelo salazarismo e marcelismo, o que lhe custou a prisão, a deportação para São Tomé e, mais tarde, o exílio em França".
O executivo considera Mário Soares "uma figura ímpar e inesquecível da História de Portugal, um combatente pela conquista da liberdade e pela consolidação da democracia".
Atendendo à sua "vida de intensa atividade política e cívica", foi aprovado o voto de pesar que será enviado aos familiares de Mário Soares, ao PS e à Assembleia Municipal de Santa Comba Dão.
"A história recordará o dia 7 de janeiro de 2017 como o último dia da longa vida do fundador e militante número 1 do Partido Socialista, figura maior e indelével do socialismo democrático português e europeu", realça.
Mário Soares morreu no sábado, aos 92 anos, no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa.
O Governo português decretou três dias de luto nacional, até quarta-feira.
O corpo do antigo Presidente da República esteve em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos entre as 13:10 de segunda-feira e as 11:00 de hoje.
O funeral decorre hoje no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa, após passagem do cortejo fúnebre pelo Palácio de Belém, Assembleia da República, Fundação Mário Soares e sede do PS, no Largo do Rato.
Nascido a 07 de dezembro de 1924, em Lisboa, Mário Alberto Nobre Lopes Soares, advogado, combateu a ditadura do Estado Novo e foi fundador e primeiro líder do PS.
Após a revolução do 25 de Abril de 1974, regressou do exílio em França e foi ministro dos Negócios Estrangeiros e primeiro-ministro entre 1976 e 1978 e entre 1983 e 1985, tendo pedido a adesão de Portugal à então Comunidade Económica Europeia (CEE), em 1977, e assinado o respetivo tratado, em 1985.
Em 1986, ganhou as eleições presidenciais e foi Presidente da República durante dois mandatos, até 1996.
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