O homem, nascido em 1984, foi preso na sua casa em Paris esta semana e é suspeito de “espionagem junto a uma potência estrangeira para provocar hostilidades na França”, informou o ministério público esta terça-feira.

O jornal Le Monde noticiou que a polícia encontrou documentos "de interesse diplomático" no apartamento, e que o homem é suspeito de trabalhar para o serviço de segurança russo, o FSB, após ter aparecido em reality shows televisivos e de ter trabalhado durante algum tempo como chef de cozinha numa estação de esqui francesa.

“Pensamos que iria organizar operações de desestabilização, interferência, espionagem”, disse hoje o ministro do Interior francês, Gérald Darmanin, ao canal BFMTV, apontando para um conjunto de pistas: “Podem ser ataques cibernéticos que precisem de cumplicidade, poderia ser manipulação de informações...".

O indivíduo “está nas mãos da justiça, que poderá esclarecer as suspeitas da polícia”, explicou o ministro, comentando que a presença do suspeito em solo francês é recente.

Campanha para desacreditar os Jogos 

Darmanin lembrou que “outros indivíduos russos” foram recentemente detidos na capital, e que as autoridades francesas têm observado uma campanha de desinformação que visa desacreditar os Jogos Olímpicos de Paris.

O ministro lembrou um vídeo muito recente nas redes sociais de um alegado representante do Hamas, que ameaça a França com ataques por acolher atletas israelitas, mas que se revelou ser um conteúdo falso.

“Pensamos que se trata de um vídeo falso difundido por contas que, pelo que vemos, são pró-Kremlin, pró-Rússia”, afirmou o ministro, denunciando uma “multiplicidade” de manobras que poderão “causar danos ao país e despertar preocupação”.

Quase todos os atletas russos foram excluídos das competições dos Jogos de Paris como medida de retaliação diplomática à invasão russa da Ucrânia, e apenas quinze participarão com bandeira neutra.

No fim de semana, Darmanin revelou que as autoridades francesas rejeitaram um “grande número” de pedidos de cidadãos russos para serem credenciados como jornalistas e acompanharem os Jogos, devido a suspeitas de que poderiam ser, na verdade, espiões. Os pedidos de voluntariado de cidadãos russos também foram negados.

A Rússia negou o envolvimento em qualquer operação de desestabilização contra os Jogos de Paris e disse que a recusa de acreditação a repórteres russos “viola a liberdade de imprensa”.

Em abril, o presidente francês, Emmanuel Macron, garantiu que “não tinha dúvidas” de que a Rússia tinha como alvo a organização dos Jogos Olímpicos, “incluindo a esfera informativa”.