“RIP [Descansa em paz, na abreviatura em inglês], papa”, escreveu o filho Achille Bagosora, numa mensagem breve publicada na sua conta do Facebook, sem mais detalhes.

Bagosora tinha sido detido em março de 1996, nos Camarões, e, em 1997, foi transferido para um centro de detenção em Arusha, no norte da Tanzânia, onde foi criado o Tribunal Penal Internacional para o Ruanda (TPIR).

O antigo oficial foi, em 1994, o diretor do gabinete do Ministério ruandês da Defesa e, segundo a acusação, assumiu “de facto” a direção dos assuntos militares e políticos no Ruanda após a morte do Presidente ruandês Juvenal Habyarimana.

O genocídio teve início a 7 de abril de 1994, após o assassinato, no dia anterior, de Habyarimana (Hutu) e do Presidente Cyprien Ntaryamira (Hutu) do Burundi, quando o avião em que viajavam foi abatido sobre Kigali.

Os assassinatos, pelos quais o governo ruandês culpou os rebeldes Tutsi da Frente Patriótica Ruandesa, do atual Presidente do Ruanda, Paul Kagame, desencadearam o massacre de cerca de 800.000 Tutsis e Hutus moderados em cerca de 100 dias, um dos piores massacres étnicos da história recente.

“Eu não acredito na teoria do genocídio. A maioria das pessoas razoáveis pensa que houve massacres excessivos, cuja explicação deve ser procurada”, disse Bagosora ao TPIR em 2005.

“Tenho sido e continuo a ser chamado o ‘mestre’ dos massacres que se seguiram ao atentado de 6 de abril de 1994 e estou agora a testemunhar para refutar as falsidades a meu respeito”, argumentou, na altura.

“A acusação de que eu era o ‘cérebro’ do genocídio é maliciosa”, disse Bagosora, acusado de genocídio, conspiração para cometer genocídio, incitação ao genocídio, e crimes contra a humanidade, entre outros crimes.

Bagosora foi também acusado de ordenar o assassinato de dez soldados belgas da Missão de Assistência das Nações Unidas no Ruanda (UNAMIR), que atuou como força de manutenção da paz entre facções rivais no rescaldo da guerra civil do país, entre 1990 e 1993.

O antigo chefe militar teve uma pena de prisão perpétua em dezembro de 2008, juntamente com dois outros antigos altos responsáveis, mas a pena foi reduzida para 35 anos de prisão em 2011.

Em abril passado, Bagosora, preso no Mali desde 2012, pediu liberdade condicional, mas um juiz negou-a devido à gravidade dos seus crimes e à “falta de provas suficientes da sua reabilitação”.

Reagindo à morte de Theoneste Bagosora, o antigo ministro e atual embaixador ruandês na Holanda, Olivier Ndihugerehe, recordou hoje que nunca se arrependeu dos seus crimes.

“As principais razões contra o pedido de libertação antecipada de Bagosora foram ele nunca aceitar a responsabilidade pelo genocídio, não mostrando sinais de remorso ou arrependimento”, afirmou Nduhungirehe numa mensagem publicada nas suas redes sociais.

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