May comunicou a decisão esta manhã aos deputados no parlamento britânico.

Os diplomatas em causa, já identificados, terão uma semana para sair do país. Trata-se da maior expulsão de diplomatas em 30 anos no Reino Unido. Atualmente, a Rússia conta com 59 diplomatas acreditados no país de Sua Majestade.

A par da expulsão, Theresa May anunciou igualmente a "suspensão" das relações bilaterais com Moscovo. Assim, ministros e dignatários britânicos não marcarão presença no mundial de futebol deste ano, a decorrer na Rússia.

"Confirmo que nenhum ministro ou membro da família real vai estar presente no campeonato do mundo de futebol na Rússia, neste verão", afirmou Theresa May.

Além disso, o Reino Unido irá legislar para proteger o país de ações hostis por parte de estados estrangeiros e considerar nova legislação ao nível a anti-espionagem.

Aumentará igualmente a monitorização de entradas de cidadãos russos no país.

Acrescem a estas medidas outras que não serão públicas, disse May.

A primeira-ministra britânica considerou a forma como a Rússia está a lidar com esta questão "trágica".

Moscovo recusou hoje "as acusações sem provas e não verificadas e a linguagem dos ultimatos”, disse em conferência de imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, acrescentando que a Rússia “espera que o bom senso prevaleça”. A Rússia, insistiu, “não tem qualquer relação com o que se passou na Grã-Bretanha”.

O ex-espião Serguei Skripal, de 66 anos, e a filha Yulia, de 33 anos, foram encontrados inconscientes no dia 04 de março, num banco num centro comercial em Salisbury, no sul de Inglaterra.

Na quarta-feira seguinte, o chefe da polícia antiterrorista britânica, Mark Rowley, revelou que o ex-agente duplo russo e a filha tinham sido vítimas de um ataque deliberado com um agente neurotóxico, um componente químico que ataca o sistema nervoso e que pode ser fatal.

Esta segunda-feira, a primeira-ministra britânica, Theresa May, afirmou ser “muito provável que a Rússia seja responsável” pelo envenenamento do ex-espião russo e da filha, justificando que a substância utilizada é “de qualidade militar” desenvolvida pela Rússia.

Moscovo negou responsabilidades e pediu ao Governo britânico a abertura de um “inquérito conjunto” sobre o caso.

Já esta quarta-feira Theresa May reuniu o seu conselho de segurança nacional, onde foram decididas as sanções agora anunciadas.

A NATO apoiou hoje o aliado Reino Unido no caso do envenenamento do ex-espião russo Serguei Skripal e responsabilizou a Rússia, demonstrando “profunda preocupação” e prometendo ajudar nas investigações.

Num comunicado, o secretário-geral da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (NATO), Jens Soltenberg, salientou que a preocupação é ainda maior por se tratar do “primeiro uso ofensivo de um gás que ataca o sistema nervoso” em território da Aliança desde que a organização foi fundada, em 1949.

No comunicado, a NATO pediu também à Rússia que responda às questões postas pelo Reino Unido sobre o Novitchok, o agente químico que ataca o sistema nervoso a que Skripal e a filha, ambos hospitalizados desde 04 deste mês, terão sido sujeitos quando tomavam chá em Salisbury.

“É necessário que a Rússia forneça informações completas sobre o programa Novitchok à Organização para a Interdição de Armas Químicas”, lê-se no documento.

A Aliança Atlântica, que esteve reunida hoje de manhã em Bruxelas com os embaixadores dos países que integram a NATO, considerou que o “ataque” constitui uma “clara brecha nos acordos e normas internacionais”.

“Congratulo-me por os 29 aliados da NATO terem aprovado uma declaração em que exprimem total solidariedade com o Reino Unido e por oferecerem o apoio após o ataque em Salisbury”, sublinhou Stoltenberg, já na sua conta pessoal no Twitter.

Na declaração da NATO é argumentado que o Reino Unido confirmou a utilização de um agente neurotóxico de uso militar, criado pela Rússia ainda no tempo da extinta União Soviética, e que informou os Aliados da “forte probabilidade” de a Rússia ser responsável.

Um dos “pais” do Novitchok, Vil Mirzaianov, que reside atualmente nos Estados Unidos, afirmou que a Rússia é o único país capaz de produzir e utilizar um agente químico que ataca o sistema nervoso tão potente e eficaz.