Prometendo uma cidade onde “a classe média vai poder voltar a viver”, o candidato socialista falou de um Porto “em perda acelerada” para justificar a sua decisão de avançar.
“O Porto é hoje uma cidade em perda acelerada: de habitantes, de jovens, de riqueza, de vitalidade, de força. O Porto corresponde hoje à imagem de um donut, outrora um grande centro social, político e social, que sempre teve uma voz muito para além do seu espaço geográfico, mas progressivamente vai perdendo escala porque o Porto está hoje mais pequeno, mais pobre, mais envelhecido, menos dinâmico, e isso nenhum portuense pode aceitar. Isto fere a nossa identidade, que temos de voltar a recuperar com pujança e ambição”, disse.
Referindo que, “nos últimos oito anos, o Porto perdeu 20 mil habitantes”, o líder da concelhia do Porto do PS quer uma cidade com “mais habitação”, assinalando que os “preços da habitação são uma loucura” e que a câmara “nada faz para resolver este problema, porque quem lidera o município “acredita apenas no mercado e não nas políticas públicas, naquilo que é preciso fazer para corrigir o que está mal”.
Como propostas, entre outras, o candidato prometeu um “plano para captar fundos do Plano de Recuperação e Resiliência para construção de nova habitação ao abrigo do 1º Direito” e “captar edifícios e terrenos desocupados do Estado Central, sobretudo na Defesa e da Segurança Social”, bem como “mobilizar terrenos do município”, apoiando a “reconversão de unidades de Alojamento Local em arrendamento residencial de longa duração”.
“Intervir sobre os estrangulamentos na VCI e na Circunvalação, em diálogo com municípios à volta e com a Infraestruturas de Portugal”, é também um objetivo de Tiago Barbosa Ribeiro, que alertou para a necessidade de agir nas “zonas da cidade que são território sem lei”.
O candidato quer também “nos próximos sete anos, em média, investir o dobro” do verificado desde a adesão à União Europeia e prometeu criar “uma agência de investimento para captar riqueza, empresas e postos de trabalho qualificados para a cidade, ultrapassando o inferno burocrático com que qualquer investidor se depara quando tenta dialogar com a autarquia”.
Reclamando “mais espaços verdes, mais parques infantis, mais circuitos de manutenção para os mais idosos”, comprometeu-se a lançar “um programa municipal para reforçar a rede de creches e pré-escolar, envolvendo o estado central e Instituições Particulares de Solidariedade Social” numa cidade que está “hoje socialmente dividida e completamente estratificada”.
Terminou considerando que a atual maioria municipal “é perigosamente populista, sem nunca deixar de se enredar nas teias do pior que têm os partidos”.
O candidato anunciou ainda a deputada Rosário Gamboa como a número dois da lista à Câmara Municipal.
Antes, Augusto Santos Silva usou da palavra para garantir que “todo o PS está com a candidatura de Tiago Barbosa Rodrigues à Câmara do Porto”, acrescentando ainda o “orgulho em apoiar Alberto Martins como cabeça de lista à presidência da Assembleia Municipal”.
“É preciso trabalhar menos para as televisões, menos para a agenda mediática do dia a dia, menos para o protagonismo pessoal e é preciso trabalhar mais para as pessoas. É preciso trabalhar mais com a cidade e para a cidade. Esta modorra, esta sonolência em que o Porto, a autarquia portuense, caiu tem de ser sacudida e Tiago Barbosa Ribeiro tem essa missão”, disse.
Alberto Martins, cabeça de lista à Assembleia Municipal, arrancou a primeira ovação do final de tarde da Alfândega do Porto quando lembrou a morte hoje ocorrida de Otelo Saraiva de Carvalho, que considerou “um homem do nosso destino” e que fez levantar quase toda a plateia socialista.
A Câmara do Porto é liderada pelo independente Rui Moreira, cujo movimento elegeu sete mandatos nas autárquicas de 2017, aos quais se somam quatro eleitos do PS, um do PSD e um da CDU.
À Câmara do Porto são já conhecidas as candidaturas de Ilda Figueiredo (CDU), Sérgio Aires (BE), Vladimiro Feliz (PSD), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), António Fonseca (Chega) e a recandidatura do independente Rui Moreira.
As eleições autárquicas estão marcadas para 26 de setembro.
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