Tolentino Mendonça foi hoje ordenado arcebispo, numa cerimónia no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, Manuel Clemente, e a que assistiram centenas de pessoas.
A partir de setembro, vai ser arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, passando a tutelar a mais antiga biblioteca do mundo.
“A minha preocupação será, por um lado, a de preservar aquele repositório, que é um grande tesouro da igreja e da humanidade e ao mesmo tempo pô-lo a dialogar com a contemporaneidade”, afirmou aos jornalistas, após a cerimónia de ordenação.
Tolentino Mendonça defendeu que “é preciso ir além de uma certa ficção que romanceou muito aquele Arquivo privado”, sublinhando que o Arquivo “está muito aberto à sociedade” e tem “mais de dois mil investigadores creditados”.
“O Santo Padre, o nosso querido papa Francisco, quis colocar-me ao serviço do Arquivo e da Biblioteca Apostólica. Não sei, ainda hoje, as razões do seu convite, que expressa para com a minha pobre pessoa uma confiança que filialmente agradeço, mas que não deixa, ainda agora, de ecoar a sua surpresa em mim”, disse, num discurso no final da cerimónia de ordenação.
Já após a ordenação, Tolentino Mendonça disse aos jornalistas que, nas novas funções, que assumirá em 01 de setembro, não deixará de ser, também, escritor.
“O Santo Padre espera de mim que eu continue a ser um instrumento de diálogo e de aproximação entre a Igreja e a cultura. É isso que farei, a partir da Biblioteca Apostólica, sem dúvida colocando ao serviço da igreja aquilo que são os meus talentos e a minha forma de ser e a escrita é uma forma de comunicação, na qual continuarei a apostar como o lugar de representação, de comunicação de Jesus no mundo de hoje”, assegurou.
Da mesma forma, não deixará de ser padre. “Um bispo continua a exercer este ministério de paternidade espiritual para com toda a humanidade e o povo de Deus. Como bispo, continuo a sentir-me pai”, sustentou.
Questionado sobre se está disponível para a reforma do papa, o bispo recordou que foi chamado por Francisco, cujo retiro espiritual orientou, na quaresma.
“Certamente é para colocar-me numa grande proximidade com a sua mensagem, com o seu programa para a Igreja do nosso tempo”, referiu.
Ao longo de quase duas horas e meia, a cerimónia de ordenação episcopal como arcebispo titular de Suava (norte de África) foi marcada por vários ritos.
Entre os fiéis estavam o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, sozinho numa cadeira mais próximo do altar.
Mais atrás, na primeira fila, estavam o antigo chefe de Estado Aníbal Cavaco Silva, e a mulher, Maria Cavaco Silva, e também a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, acompanhada da família. Também a antiga presidente do PSD Manuela Ferreira Leite assistiu à cerimónia.
O chefe de Estado foi o primeiro a cumprimentar o novo bispo e foi também o primeiro a receber a comunhão das mãos de Tolentino Mendonça, seguindo-se a líder do CDS-PP e, um pouco depois, o seu antecessor, Paulo Portas.
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