“Para não agravar a situação delicada do Global Media Group (GMG) que já foi reconhecida publicamente pelos acionistas, os trabalhadores da TSF decidiram não avançar, neste momento, para uma greve, não excluindo essa possibilidade no futuro”, referem os trabalhadores em comunicado divulgado após a realização de um plenário.
Os trabalhadores vão pedir audiências ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e ao secretário de estado do Cinema, Audiovisual e Media, Nuno Artur Silva.
Em novembro, os trabalhadores da rádio exigiram explicações da empresa sobre o anunciado processo de reestruturação, sublinhando que as respostas não respondem à “esmagadora maioria das questões colocadas aos acionistas”.
“Um ano depois de anunciado o processo de reestruturação, desconhece-se, por exemplo, qual o número de trabalhadores a dispensar, quais os critérios e as datas para que a reestruturação avance”, explica.
O documento acrescenta que os trabalhadores defendem a sustentabilidade da empresa e que ao longo dos anos “colocaram dúvidas à direção e administração sobre as estratégias seguidas pelo grupo”.
“Depois de décadas de constantes restrições orçamentais, o grupo começou a investir em áreas de duvidoso retorno financeiro. Até essa súbita tendência de investimento, os trabalhadores tinham sido sempre informados de que os prejuízos da TSF estavam controlados e próximos do equilíbrio entre receitas e despesas”, sustentam.
Os trabalhadores salientam que, apesar de perda de meios humanos e técnicos, continuam a “garantir uma rádio noticiosa de referência”, rejeitando responsabilidades pelos “prejuízos” da empresa.
“Os trabalhadores da TSF continuam sem saber quais os motivos que levaram Arsénio Reis a sair do cargo de diretor da TSF e qual a futura composição da direção”, acrescenta.
Os trabalhadores da TSF exigem ser informados sobre tudo o que possa afetar a vida da empresa e estranham que o grupo tenha solicitado confidencialidade à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), sobre os dados financeiros reportados, em 2018, à Plataforma de Transparência.
“A pouca transparência que os trabalhadores têm denunciado ao longo do último ano, depois de múltiplos contactos dos delegados sindicais, alarga-se, agora, à autoridade reguladora do setor. Os trabalhadores da TSF apelam à ERC que rejeite o pedido e divulgue, com celeridade, os dados financeiros do GMG”, conclui.
Em 2014, quando a TSF ainda era detida pela Controlinveste Conteúdos, uma restruturação do grupo levou ao despedimento de 160 trabalhadores, 64 dos quais jornalistas.
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